Uma suprema apresentação
Lições de superação, otimismo e aquela partícula de romance - para ceifar os momentos tensos - junto às piadas que arrancam boas risadas sem serem apelativas, trás em Doutor Estranho uma Marvel sutilmente diferente.
Nos quadrinhos, Doutor Estranho é o herói que nasceu com o intuito de proteger a Terra de males ocultos e místicos. Sob o olhar do diretor Scott Derrickson (O dia em que a terra parou, 2008) o herói Strange (Benedict Cumberbatch) não é apenas um homem que vive em função do tempo, mas alguém que sempre desejou tê-lo em suas mãos. A ida aos magos aparenta ser para uma cura imediata, no entanto representa uma segunda chance, mesmo que o protagonista se recuse em um primeiro momento.
As diversas vezes em que a Anciã (Tilda Swinton) revela detalhes dos vários universos que temos e que o tempo não significa um inimigo, mas sim um aliado. Para Strange, a consciência dessa propriedade temporal e de sua redenção só pode vir em outro mundo, e através desse pensamento ele se rende à Anciã. O romance paralelo no mundo real com a fiel colega neurocirurgiã - interpretada por Rachel McAdam (Spotlight, 2015) - marca a presença do herói com seu calcanhar de Aquiles, ao mesmo tempo que rivaliza com seu egocentrismo masculino.
Entre grandiosas cenas de ação, há um longo desenrolar para apresentar o personagem: gênio e arrogante até se tornar um real mago, bem como efeitos especiais e um cenário psicodélico e geométrico digno de Stanley Kubrick (1928 - 1999). Nenhum efeito especial é gratuito, tudo faz parte da narrativa.