Um filme muito mais solar do que o seu título
O ator, produtor, roteirista e diretor Ben Affleck (Argo, 2012) acaba de lançar sem mais novo filme: A Lei da Noite. Com a quatro funções assinadas pelo galã de Hollywood, o filme é - apesar das críticas - mais uma agradável surpresa que ele nos traz.
Na história, Joe Coughlin (Affleck) vive de pequenos crimes até envolver-se com a amante de um gângster e ser espancado quase até a morte. Apesar de filho do policial Thomas Coughlin (Brendan Gleeson), une-se ao mafioso italiano Maso Pescatore (Remo Girone) em busca de vingança. Seu ponto fraco são as mulheres, e logo envolve-se com a cubana Graciella Suarez (Zoe Saldana), chefe do negócio de rum em plena época de Lei Seca.
Talvez o maior problema do filme seja entrar numa seara onde grandes filmes de máfia já foram realizados, como O Poderoso Chefão (Francs Ford Coppola, 1972), Os Intocáveis (Brian de Palma, 1987) e Cassino (Martin Scorcese, 1995). É como ser filho de um grande craque e sempre comparado ao pai.
A Lei da Noite é bem dirigido, com belas cenas de ação, boas atuações e deliciosas sequencias que mostram a vida noturna dos negro e latinos da Flórida. O maior problema talvez seja a vaidade de Affleck, que em vez de se concentrar em ser um bom diretor - o que realmente é - arrisca-se a protagonizar um filme que exige muito mais nuances dramatúrgicas do que é capaz de oferecer, e ainda deixa pequenas falhas no roteiro, que seriam facilmente contornadas por um roteirista mais experiente.
O destaque no elenco vai para Elle Fannning (Meu Nome é Ray, 2015), que interpreta Loretta Figgis, a filha de um delegado que tenta ser atriz, acaba tornando-se uma drogada e prostituta, convertendo-se em uma pregadora religiosa. A produção é esmerada, com ótima reconstituição de época e figurinos.
A Lei da Noite é conduzido num tom épico bastante interessante para o gênero, e - apesar do título - é um filme mais diurno do que a maioria de seus pares. Está acima da média do que se vê nos cinemas cujas críticas não fazem jus às suas qualidades. É o bom e velho cinema clássico, com todo o esmero e até algumas previsibilidades peculiares. Elas podem até parecer erros de roteiro, mas quando se faz esse tipo de filme - voltado às massas - é importante que o público possa "adivinhar" algumas coisas e assim se sinta inteligente e cúmplice da obra.