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PITANGA


O Deus de ébano do cinema nacional

No último dia 31 de março, aconteceu em São Paulo a Coletiva de Imprensa do filme Pitanga. Estavam presentes o biografado Antonio Pitanga, o cineasta Beto Brant e a atriz Camila Pitanga, ambos diretores do filme.


Ela conta que a ideia de fazer o filme surgiu ainda nas filmagens do longa anterior de Beto Brant Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios - onde foi protagonista - e que foi ele quem achou que seria importante que ela dividisse a direção do documentário. "Nosso primeiro encontro artístico foi quando Beto me mostrou o primeiro corte do 'Eu Receberia...' generosidade rara entre diretores".


O filme apresenta o ator - de carisma e alegria arrebatadores - visitando amigos célebres para, em bate-papos descontraídos, lembrarem do passado em comum. O resultado são conversas muito agradáveis - algumas até deliciosas - como o encontro com a cantora Maria Bethânia, que teve no biografado seu primeiro namorado e ao ser questionada por ele "Que olhos são esses?" responde "São seus. Benedita que me perdoe." Fazendo referência à companheira do ator. Tudo intercalado com imagens de filmes em que Pitanga atuou.

A fórmula encontrada pelos diretores é eficiente, pois traz momentos descontraídos que, conforme Beto Brant explicou: "Quando Pitanga entrava na casa as câmeras já estavam ligadas". A filha do ator explica que várias pessoas não viam seu pai há muito tempo, por isso era necessário que tivessem o tempo necessário até que se soltassem."


Porém, se a linguagem encontrada é eficiente, tem seu efeito colateral. O fato dos entrevistados sempre falarem na presença do biografado faz com que o tempo todo sejam trocados "confetes" entre ambos, tornando o filme enjoativo em certos momentos.


Os 113 minutos o tornam arrastado e cansativo. Segundo o diretor, o material bruto tinha 90 horas de entrevistas, talvez tenha sido difícil cortar partes que poderiam ser até interessantes e divertidas, mas somadas às outras se tornam dispensáveis. Além disso, o filme tem um momento que sugere seu final, com um clipe de imagens de Pitanga, porém seu término ocorre somente uns vinte minutos depois.


Talvez o melhor momento seja - já no final do documentário - quando Pitanga está com seu filho Rocco e suas netas brincando na areia e uma delas reclama "o vovô fala demais". Aos risos, o filho conta que na infância ele e sua irmã levavam "sermões" cada vez que faziam alguma coisa errada, e pedia para que o pai lhe batesse logo pra poder voltar às suas brincadeiras.


Beto Brant contou sobre os problemas de finalização: "A finalização foi muito demorada devido à dificuldade de se conseguir material de arquivo, pois foi na época em que a Cinemateca estava em processo de desmonte. Foi bem complicado".



Apesar de longo, o filme deixa um buraco. Vera Manhães - mãe de Rocco e Camila e primeira mulher do biografado - é bastante citada mas não se diz por que é ele quem assume a criação dos filhos.


Ao final da coletiva, Pitanga pede para que continuem as perguntas, justificando que está vivendo um momento de êxtase em sua carreira.

Apesar de sabermos de sua importância Pitanga como um ícone do cinema nacional - principalmente na visibilidade do negro nas produções - e ser uma das grandes estrelas do Cinema Novo, tendo trabalhado com todos os diretores importantes do movimento, só assistindo ao filme é que temos a real noção da sua fundamental colaboração para nosso cinema.

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