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FILHOS DE BACH (Bach in Brazil)


Não há órfãos na música

A Dinastia Bach de músicos e compositores importantes da Europa e da história da arte durou duzentos e cinquenta anos. Eram tão prestigiados pela corte de Buckeburg que todos os músicos de lá eram conhecidos como "os Bachs", mesmo não pertencendo ao clã. Entretanto, nenhum alcançou a imortalidade e aclamação como Johann Sebastian Bach (1685 - 1750), cujos trabalhos inspiraram músicos de todos os estilos, a ponto de serem chamados de Filhos de Bach. Partindo daí, o diretor alemão Ansgar Ahlers (GG 19 - Uma jornada alemã em 19 passos, 2007) criou o longa em coprodução com o Brasil.


Marten Brückling (Edgar Selge) é um tocador de bombardino que tenta há 42 anos entrar para o Festival Bach de Música. Sua sorte muda quando recebe de herança a partitura do Arioso (estilo de solo vocal de ópera ou oratório que ocupa lugar intermediário entre o recitativo e a ária). A obra - escrita pelo artista homenageado - está localizada em Ouro Preto, Minas Gerais. Chegando lá, é vitima de assalto feito por Heitor (Dhonata Augusto) com a ajuda relutante de seu irmão caçula e violonista, Fernando (Pablo Vinicius). Então, é auxiliado por Cândido (Aldri Anunciação) a encontrar seus pertences. Em troca deve dar aulas para crianças de um reformatório que antes foi um mosteiro católico.


Martin - tal qual Fernando, o narrador do filme - é órfão criado em internato de freiras, onde aprendeu a tocar bombardino e fez dupla musical com seu irmão de criação Karl (Peter Lohmeyer) até ele se mudar para o Brasil, deixando ambos sem contato por 42 anos. Inicia assim, uma jornada de aprendizado entre professor e alunos, sobre música e suas inovações de estilo.


As filmagens aconteceram na cidade histórica de Ouro Preto e nas alemãs Hamburg e Buckeburg - onde há muitas cenas internas - além de câmera em close e ofuscamento. Certos enquadramentos são organizados somente para personagens específicas. Plano centralizado em Martin ou na pianista e sua paixão secreta Marianne (Franziska Walser). Os planos abertos são usados quando os jovens músicos do reformatório estão em cena.


A iluminação se dá pelo próprio ambiente das locações, principalmente pela luz solar. Ouro Preto aparece também como personagem por meio das suas igrejas, casas e poucos automóveis, remetendo à época de vida do compositor Bach, principal influência da música barroca brasileira. Em certos momentos, o filme ganha ares de institucional turístico.


A trilha-sonora é totalmente dedicada às composições de Bach, incluindo o Arioso embalado por violão pequeno, teclado e barril de plástico como tambor, deixando os instrumentos eruditos para a música de fundo.


Os momentos cômicos são por conta de bordões como “Cândido encontra tudo”, “No Brasil, tudo é possível” e “Mal-criados”, e a troca de saberes entre nações: brasileiros iniciantes aprendendo idioma e gringos aprendendo o estilo de vida brasileiro. Assista o filme, seus mal-criados.


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