Mais uma comédia típica americana
Baywatch é o novo filme de Seth Gordon (Quero Matar meu Chefe, 2011), já conhecido por alguns trabalhos, daqueles sem grandes novidades ao explorar roteiros com enredos simples e de caráter mais televisivo, inclusive por dirigir episódios de algumas séries como Os Goldbergs, Marry Me e Community.
Nesta nova produção o caráter televisivo está ali desde a maneira como lida com os planos, o roteiro, a montagem, as atuações, as músicas e as piadas. Inclusive na própria referência ao seriado homônimo da década de 90, estrelado por David Hasselhoff (Guardiões da Galáxia Volume 2, 2017) e Pamela Anderson (The People Garden, 2016) que fazem uma aparição.
Mitch Buchannon (Dwayne Johnson) é um rígido salva-vidas, orgulhoso do seu trabalho e da responsabilidade que tem ao vigiar e preservar a vida dos banhistas em uma praia de Malibu. Um concurso para novos salva-vidas é feito e enquanto treina os aprendizes - dentre eles o exibido recruta e problemático campeão olímpico Matt Brody (Zac Efron) - descobrem uma conspiração criminosa no local que ao traficar drogas pode ameaçar o futuro da baía.
As atuações de Dwayne, Zac e do restante do elenco perpassam pelo naturalismo de seus outros trabalhos, ou seja, deles mesmos. Nesse tipo de proposta a sensação de um infinito repetitivo trunca o mergulho na narrativa, vemos os astros fazendo caretas em múltiplas histórias de belos orçamentos, e não personagens vivas que se relacionam com um tema vital.
A objetificação dos corpos femininos é reforçada nas piadas ou nas relações entre as personagens, algo sem sentido nos tempos atuais. A responsabilidade de um filme parece não ser levada a sério, mesmo que seja pelo teor cômico, uma ferramenta tão poderosa para críticas sociais e do comportamento humano. A graça é forçada e não tem a sensibilidade de uma construção para se tornar orgânica.
Este é um filme que não acrescenta em nada uma experiência cinematográfica, seja pelo puro entretenimento, pela imersão em uma história interessante ou em uma reflexão para se estender sobre a vida. Mentira, uma reflexão surge sim: por que filmes como esses são feitos? Apenas para ser mais um?