Nem tão bom nem tão ruim
Mais um filme do diretor Stephané Brizé (A vida de um homem, 2015) em nossos cinemas. Trata-se de A vida de uma mulher, baseado no romance La Vie - o primeiro do famoso escritor Guy de Maupassant, que viveu no final do século XIX.
É um filme de época que aborda a vida de uma mulher naquela sociedade. Jeanne (Judith Chemla) é filha do Barão Simon-Jacques Le Perthuis des Vaudsum (Jean Pierre Darroussin). Volta para casa após completar os estudos e passa a ajudar os pais nas tarefas do campo. Como era de se esperar, a família lhe apresenta um pretendente - Julien (Swan Arlaud) - por quem ela se interessa e se casa. Muitos problemas aparecem na vida do casal a partir daí. Em função disso, aos poucos a jovem vai perdendo a alegria de viver.
O retrato da sociedade é fiel e portanto o lugar da mulher na época também o é. Aparece a pergunta do amor romântico: você me amará para sempre? que se contrapõe à realidade da vida do casal. O marido é avarento, infiel e pouco faz companhia à mulher.
Ressalte-se que, embora seja um filme de época, a condição da mulher vale para os dias atuais. O roteiro também aborda a questão da verdade. Até que ponto esta deve prevalecer, ou o melhor - em certas situações - é omiti-la?
É sabido não ser fácil transformar livros em filmes. Não é o caso de A vida de uma mulher. A adaptação é muito boa sem perder a qualidade do drama. Há muito de psicológico na personagem. O filme é envolvente e a personagem principal é vívida e complexa. Tudo isto nos convida à reflexão.
Apesar de ser um drama, a película nos apresenta também belas e agradáveis paisagens da vida no campo naquele tempo.
O ritmo é lento - um pouco moroso - como a vida de Jeanne, que é aborrecida, maçante. Ela sempre está sozinha, embora casada. Um filme que tem substância, valendo a pena ser visto.