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PLANETA DOS MACACOS: A GUERRA (War For The Planet Of The Apes)


Guerra dentro da guerra

Dentre as franquias cinematográficas, poucas são as que mantêm e avançam a qualidade do seu conteúdo dramatúrgico para além da sua forma estética em prol da narrativa e exploração de seu universo temático.

A repetição das fórmulas é bem vista pelo mercado para arrecadar público, mas não deixa de ser uma enganação perante a potencialidade de discussão que tais universos criados na ficção possam suscitar para as questões de nossa sociedade sempre em movimento, seja de maneira retrógrada ou progressiva.


Planeta dos Macacos: A Guerra é um reboot que vai além da regra utilizada pelos estúdios nos últimos anos em sua crise criativa de roteiros e na vontade de resgatar espectadores para as salas de cinema. Bons filmes levam as pessoas a saírem de casa e terem uma experiência. Ver uma projeção ainda é um bom programa para se fazer, e se traz questões interessantes para se debater, melhor ainda o efeito de tal realização.


A produção retoma o universo dos filmes anteriores e traz novos olhares ao abordar a irracionalidade humana. A riqueza das obras está em criar outras condições, circunstâncias, utilizar outros seres da fantasia, da imaginação, para se abordar questões relacionadas aos seres humanos, que são mutáveis, pois nossos contratos sociais não passam de uma construção totalmente renovável. O medo alimenta a criação de instituições e atitudes dominadoras da racionalidade harmônica com a natureza e semelhantes. Confunde-se a essência da vida com regras, numa miscelânea de verdades mentirosas.

A direção de Matt Reeves (Deixe-me Entrar, 2010) amadurece juntamente com os recursos tecnológicos utilizados em relação ao anterior Planeta dos Macacos: O Confronto - de 2010 - também sob sua regência. Eleva-se a franquia perante o que foi feito pelos outros diretores nessas refilmagens.


A fotografia é usada para favorecer a atuação, criar atmosferas de apreciação em relação aos locais e tensão quando necessário. O som não deixa a desejar como elemento de composição e não apenas uma camuflagem.


Um ponto impressionante está na utilização dos efeitos da técnica de captura de movimento e sua transposição para a tela. Os macacos e gorilas possuem um rigor nas suas expressões que beiram o realismo. Veem-se em suas feições os sentimentos e inquietações. O físico das personagens está muito mais minucioso em seus detalhes, na textura da pele e dos fios dos pelos. Fica muito mais interessante acompanhar os acontecimentos, sem dúvidas estabelece-se a empatia com esses seres.


O ator Andy Serkis (Star Wars VII: O Despertar da Força, 2015) interpreta o protagonista símio César e diz que a técnica de captura é uma ferramenta funcional devido às atuações dos atores, e não um efeito de maquiagem.

Questiona as premiações em relação aos atores, para valorizarem esta nova abordagem e que esses profissionais tenham sua chance de reconhecimento também.


Com este filme abre-se um nicho rico em especulações para o futuro do cinema. Que a ousadia seja uma provocação sensata e de experiências.

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