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A VIDA DE DIANE  (DIANE)


Muito barulho por quase nada


Típico filme que demora pra, digamos assim, "engrenar". O diretor e roteirista Kent Jones (Hitchcock/Truffaut, 2015) me pareceu, de início, uma espécie de misto um tanto desajeitado de Woody Allen e Jim Jarmush, pois seu filme - bastante verborrágico - peca pela ausência de fluência narrativa, sobretudo na primeira metade da trama. O que me fez até pensar naquilo que de pior está associado ao termo cinema indie. Ou seja, aquela típica pretensão e intelectualismo vazios que muitas vezes não conduzem a nada.


Porém, da segunda metade em diante, o filme se torna mais ágil e prazeroso de se ver, principalmente nos momentos em que há aquele saboroso confronto entre a mãe (protagonista) e seu filho, ex-junkie (viciado), agora convertido num fanático religioso.


Aliás, sem dúvida, o ponto alto do filme é mesmo a veterana atriz Mary Kay Place (da série televisiva Grey's Anatomy), com uma atuação segura, amarga e ao mesmo divertida na medida certa.

O diretor/roteirista também acerta nos momentos de flashback da protagonista que ocorrem por meio de sonhos e com uma pegada bem mais experimental inclusive, de forma coerente com supostos delírios provocados pelo consumo de heroína.


Pena que Jones volte a errar ao mesclar tais momentos realmente criativos da trama com muitas outras situações onde prevalecem diálogos longos, previsíveis e totalmente desnecessários. Muitas vezes ele parece tentar extrair poesia de situações cotidianas - clichês ao extremo -, tais como a irmã da protagonista internada com câncer em fase terminal e divagando sobre a vida; não obtém o impacto almejado, mas sim apenas tornando o filme pesado.


Kent Jones acerta "bonito" ao acreditar em seu talento pra construir imagens e cenas de caráter experimental, bem como ao investir no talento de sua protagonista. Mas também erra feio ao tentar ser convencional, se valendo de diálogos extensos, vazios e desnecessários.


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