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ROCKETMAN (idem)


Frágil, mas intenso


Finalmente chega às telas brasileiras o tão esperado Rocketman, filme que conta a história de Sir Elton John.


Como não poderia deixar de ser, estão ali presentes todas as fases esperadas na cinebiografia de um pop star: o início incerto da carreira, os dramas pessoais, a batalha, o sofrimento, o engajamento, a obstinação daquele que acredita em seu potencial e quer alcançar a glória, um ponto de virada que caracteriza sua ascensão e, quando a personalidade em questão é de fato extraordinária, uma queda vertiginosa e uma retomada ainda mais retumbante!


Em Rocketman, o diretor Dexter Fletcher (Voando Alto, 2015) conta a história de Reginald Dwight aliando suas angústias a algo que alcança, em certos momentos, a mais pura fantasia. Consegue extrair de Taron Egerton (Robin Hood - A Origem, 2018), protagonista do filme e cantor nas horas vagas - com quem já trabalhara anteriormente -, a mágoa e a tristeza da alma do ser humano por trás do astro, e o transporta a momentos em que sua persona, Elton John, explode em performances exuberantes e de energia ímpares.


O roteiro se desenvolve através de uma sacada inteligente: sessões de terapia em grupo, o que propicia o desenvolvimento da trama alternando momentos presentes e passados numa montagem não linear, anacrônica, que possibilita a reflexão do personagem e, por conseguinte, a compreensão do espectador.


Essencialmente um Drama, o filme é permeado pelo gênero Musical e até de um momento de fiel estética teatral. Mesmo quem não morre de amores por Musicais não ficará entediado pois, afinal são as canções do astro da música, às quais estamos acostumados a ouvir e cantar.


A trilha-sonora obviamente conduz de maneira espetacular a trama, entregando momentos marcantes e emocionantes, nos quais o espectador se perceberá de olhos marejados, como naquele que é o ponto máximo do filme.

Ainda que Taron Egerton atue servindo ao personagem principal na medida exata da grandeza do ídolo real, não se pode exaltar as demais atuações do elenco. Nada que supere o mediano, o econômico. Cabe apenas uma menção a Richard Madden (Game of Thrones, 2011-2016), como John Reid, empresário de Elton John, que o seduz e o arruína de maneira convincente.


Um mérito do filme é trazer ao foco de luz Bernie Taupin, que se tornaria - por mais de meio século - seu parceiro mais importante como compositor e que, nitidamente, entendia muito de quem era Elton John, talvez mais do que o próprio. Fato é que suas letras tem muito a ver com as fases de sua vida pessoal, seus dilemas, anseios e suas limitações como pessoa e como artista.


A direção de arte é algo que não poderia passar despercebida em se tratando da história de vida do colorido ídolo pop e, de fato chama muito a atenção além de toda composição cenográfica, por todo o gradiente da extensa paleta de cores, pelos figurinos sensacionais, que nada mais são do que reproduções das exuberantes vestimentas do próprio astro, com muitos brilhos, ornamentos, tecidos, óculos - sua marca registrada -, chapéus e tudo mais que o cantor consagrou.


Na direção de fotografia, George Richmond (Kingsman - Serviço Secreto, 2015) traz propostas de movimentos de câmera que propiciaram ao montador Chris Dickens (Quem quer ser um milionário?, 20008) fazer ótimas transições em "corte invisível" entre diferentes locações, shows e performances do cantor, numa ininterrupta ciranda cujo resultado final ficou muito bom.


Rocketman pode ser ao mesmo tempo uma história nua e crua, sem filtros - como dizem que Elton John gostaria que fosse -, mas também é inegável que foi um tanto quanto romantizada de modo a mitificar ainda mais o artista.


O fato é que, fã ou não de Elton John, o espectador deverá gostar desta produção que nos leva ao encontro de uma obra musical magnífica, de alta qualidade, que marcou e ainda marca gerações, justamente quando em turnê daquele que deve ser seu derradeiro espetáculo rumo à anunciada aposentadoria.


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