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O HOMEM QUE MATOU DOM QUIXOTE (The Man Who Killed Don Quixote)



Reciclando o Mito


Em O Homem que Matou Dom Quixote, Terry Gilliam (Medo e Delírio, 1998) - que passou vinte anos batalhando pra conseguir de fato colocar esse projeto em prática - valeu-se do recurso (discutível, aliás) da metalinguagem ao situar o ultra clássico personagem do século XVI, nos dias atuais, na pele de um sapateiro vivido brilhantemente por Jonathan Pryce (A Esposa, 2017) que de fato acredita ser o próprio Dom Quixote.


A partir daí, um astuto diretor de publicidade vivido por Adam Driver (Infiltrado na Klan, 2018) aproveita-se desta carismática figura (o sapateiro delirante) pra retomar um antigo projeto cinematográfico do qual havia desistido anos atrás por conta de inúmeros problemas de produção. Ou seja, qualquer semelhança com o drama vivido por Terry Gilliam ao longo deste mais de vinte anos de pré-produção de "Dom Quixote" não é mesmo mera coincidência, e só reforça o caráter metalinguístico da trama.


O engenhoso recurso utilizado por Gilliam, no entanto - logo após a primeira hora deste filme autoral de 2 horas e 13 minutos de duração -, já se torna cansativo e - não fosse pelo carisma dos atores principais citados - não se sustentaria por tanto tempo.

É visível também a falta de unidade narrativa em determinados momentos da trama, afinal, estamos falando de um projeto que foi "gestado" por mais de vinte anos, no qual, inclusive, muitos atores passaram pelos testes e primeiras versões do filme, tais como Johnny Depp e Ewan McGregor, só pra citar alguns exemplos mais notáveis.


Pra ser sincero, acredito que, no fim das contas, o ótimo, jovem e carismático Adam Driver (Infiltrado na Klan, 2018) foi mesmo a melhor escolha pra viver o co-protagonista da trama, pois Johnny Depp já havia soado caricato em sua primeira parceria com Gilliam: Medo e Delírio(1998). A presença de Driver no filme rendeu mesmo sangue novo e vitalidade ao personagem.


O veterano Pryce dispensa maiores comentários no que se refere à rica composição de seu tresloucado, reacionário e divertido Dom Quixote contemporâneo.


Merece também ao menos menção, a presença da belíssima atriz ucraniana Olga Kurylenko (Amor Pleno, 2012), um autêntico colírio ao entrar em cena.



 
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