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GELO EM CHAMAS (Ice on Fire)


Planeta em desconstrução

O documentário Gelo em Chamas, produzido pela HBO, nos faz relembrar de uma questão que, até pouco tempo atrás, era amplamente discutida em praticamente todos os veículos de comunicação ao redor do mundo e, estranhamente, de uma hora pra outra parece ter deixado de fazer parte da pauta diária da mídia em geral: o aquecimento global e suas inevitáveis consequências.


Embora aparente tratar-se de uma produção bastante cara, visto que a equipe de produção visivelmente percorreu diversas regiões do mundo em busca de imagens e depoimentos acerca do tema concedidos por alguns dos maiores especialistas no assunto, o fato é que o inevitável (por razões óbvias) formato televisivo do filme repleto de entrevistas (algumas desnecessárias) não foge ao padrão de matéria jornalística, fazendo com que a leitura a respeito de tão importante tema torne-se, em determinados momentos, vazia, repetitiva e às vezes até tediosa.


O ponto alto do filme, sem dúvida, é mesmo o momento em que especialistas na área da utilização de fontes de energia sustentável e que não causam praticamente nenhum tipo de agressão ao meio-ambiente, tais como a energia solar e também a eólica discorrem sobre as óbvias vantagens (inclusive o baixo custo) no uso de tais formas de energia em vez da tecnologia-padrão ainda hoje dependente dos combustíveis fósseis, altamente poluentes e não- renováveis.

O único problema nesse momento do filme é que, embora até se mencione o fato de que a continuidade na utilização dos combustíveis fósseis em larga escala e nível mundial atende unicamente aos interesses de grandes corporações que lucram imensamente há décadas com sua exploração e comercialização, não há um maior aprofundamento nessa questão. Não se dá "nome aos bois". Ou seja, não se fala claramente sobre algumas das famílias mais ricas do mundo (geralmente norte-americanas) que, em acordo com os sheiks do petróleo do oriente médio, fazem o que bem entendem no momento de explorar sem qualquer planejamento a longo prazo ou preocupação ambiental, o principal combustível fóssil que, infelizmente, ainda move a economia do planeta: petróleo.


Como forma de gerar empatia junto ao grande público, sobretudo ao pensarmos nas limitações de acesso ao público não iniciado no assunto, quando se utiliza o formato documental no lugar da ficção baseada em fatos reais o filme acerta ao colocar o astro Leonardo DiCaprio (O Regresso, 2015) como narrador, intermediando as entrevistas com os especialistas na área, com alguns comentários de esclarecimento ao grande público.


Apesar de seu convencionalismo em termos de formato,Gelo em Chamas traz novamente à tona um assunto tão urgente como é o aquecimento global que provoca, ainda que lentamente, o derretimento do círculo Polar, causando a elevação do nível dos oceanos, o que pode, daqui há algum tempo gerar o desaparecimento de determinados países e continentes, mas, sobretudo, nos revelando que há "luz no fim do túnel", desde que o ser humano acorde a tempo de utilizar em grande escala as já mencionadas fontes de energia limpa, sustentável, barata e não poluente.


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