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CHICUAROTES (idem)


Palhaços tristes

Estreia na direção daquele que é provavelmente o maior astro do cinema mexicano contemporâneo: Gael García Bernal (E Sua Mãe Também, 2001).

Chicuarotes tem seus méritos, apesar dos muitos clichês típicos do drama social que o caracterizam, tais como a aparentemente eterna ideia de que a exclusão social e econômica faltante conduzirá o indivíduo à marginalidade e, portanto, ao crime.


O retrato que o diretor nos oferece a respeito da periferia da Cidade do México, é muito mais cru do que poético, apesar de alguns momentos de humor que permeiam a trama. Em termos gerais, ele parece mesmo a seguir a tendência ao drama social autoral e ao mesmo tempo acessível ao grande público, praticada por seu conterrâneo Alfonso Cuaron (Roma, 2018), sobretudo quando este retorna às origens, filmando em sua terra natal, ou seja, no México.

Experiente ator, Bernal demonstra talento como diretor, conseguindo alternar, com competência, os momentos de humor e também de verdadeira tragédia vividos pelos jovens protagonistas: Planchado (Ricardo Abarca) e Cagalera (Benny Emmanuel), aspirantes a palhaços de rua que acabam, apesar de sua evidente ingenuidade, se tornando criminosos devido, sobretudo, ao complicadíssimo cotidiano familiar ao qual estão sujeitos.


Chicuarotes às vezes chega a parecer um filme neorrealista devido à forma determinista "o homem é um produto do meio no qual está inserido", porém realizado com um ritmo narrativo mais próximo ao do cinema comercial. Enfim, boa estreia de Bernal na direção de longa-metragem.


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