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UM DIA DE CHUVA EM NOVA YORK (A Rainy Day in New York)


Woody Allen aguado


Um Dia de Chuva em Nova York é um filme de Woody Allen (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, 1977) e basta isso para receber toda a atenção dos espectadores que apreciam cinema de qualidade e da mídia. Ele sempre foi um diretor de cinema festejado pelos críticos, dono de uma legião de fãs e de um estilo todo seu que acabou virando uma referência para os profissionais do ramo que se inspiram no seu humor ácido e intelectual para criarem suas obras. O cara é considerado um verdadeiro gênio.


Mas, no caso deste filme, parece que foi ele que se inspirou em outras obras. A ideia parece ter sido inspirada em produções como Um dia em New York (Stanley Donen, 1949) onde 3 marinheiros aproveitam Nova York nas suas 24 horas de folga. Outro é Forasteiros em Nova York (Arthur Hiller, 1970), onde um vendedor vai à cidade para uma entrevista junto com sua mulher e se metem em várias confusões.


São comédias de encontros e desencontros onde a cidade atua como um elemento catalizador de mudanças nos personagens que se perdem na mesma e são influenciados pelas características de seus habitantes e locais. Talvez poderíamos até chamar de uma espécie de subgênero ou clichê mesmo, pois temos outros exemplos onde acontece a mesma coisa. Um dos mais famosos é O Fundo do Coração (Francis Coppola, 1981) onde um casal em crise visita Las Vegas e se mete em encrencas com encontros e desencontros que acabam marcando suas vidas e seu modo de ser. Se Coppola pode se render a um subgênero ou clichê, será que Woody Allen pode fazer o mesmo? A resposta é sim.

Gatsby (Timothée Chalamet) e Ashleigh (Elle Fanning) são um casal de namorados que tem a oportunidade de passar um fim de semana em Nova York pois ela vai fazer uma entrevista com o famoso diretor de cinema Roland Pollard (Liev Schriber). Ele parece um garoto rico sem noção e ela é uma entusiasmada aspirante a jornalista. Os dois partem para Nova York e ali se metem em encrencas. Ela recebe a oportunidade de acompanhar o grande diretor em sua crise de criação e conhece um charmoso astro do cinema. Ele se mete com uma prostituta de luxo, acaba fazendo uma cena em um filme de um diretor que lembra muito Woody Allen e se enrosca com a atriz. Temos os mesmos encontros e desencontros que são marcados pelo charme da cidade amada pelo diretor.


E Woody Allen apresenta uma Nova York esplendidamente fotografada pelo mestre Vittorio Storaro, diretor de fotografia dos mega cultuados clássicos O Último Imperador (Bernardo Bertolucci, 1987) e Apocalypse Now (Francis Coppola, 1979), entre outras obras que entraram para a história do cinema. E prova que merece a fama que tem. O filme nos apresenta imagens belíssimas que vão de tons pálidos aos quentes e dourados embaladas por um Jazz um tanto meloso que virou marca do diretor. Os personagens que atravessam a trajetória do casal são interpretados por uma lista de ótimos atores e atrizes que dão seu show apesar de Elle Fanning mostrar-se mais entusiasmada do que todos juntos, ela rouba a cena.


É um filme simpático, tem uns diálogos até inteligentes e engraçados. Mas é uma obra de Woody Allen e parece muito leve para ele. Se fosse outro diretor poderia até ser cantado como uma bela obra de iniciante. No final a sensação é de ver uma sessão da tarde bem feita com sabor de filme dos anos 50 ou 60.


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