
O fardo de um ato heróico
O olhar clinico do diretor Clint Eastwood (Os Imperdoáveis, 1992) ataca novamente ao produzir o drama baseado em fatos reais O Caso Richard Jewell. Baseado no livro homônimo e alguns arquivos de jornal que retrataram o acontecido, o filme enaltece o modo como O FBI atua e nos mostra o quanto é aterrorizante a falta de escrúpulos utilizada pelos jornalistas para ter uma noticia.

O ano era 1996, durante os jogos olímpicos de Atlanta, onde muitos são considerados heróis por competir. Richard - vivido pelo ator Paul Walter Hauser (Eu, Tonya, 2017), um segurança local do estádio - define muito bem o que é estar no lugar e hora certa ao encontrar uma bomba colocada por um terrorista e salvar assim milhões de pessoas. Sua atuação é espetacular ao retratar um personagem real dúbio.

O então herói de natureza caseira que age de forma diferente dos padrões adotados pela sociedade norte-americana, solteiro, maior de 30 anos, dividindo residência com a mãe e com um estoque de armas imenso e sisudo, acaba se tornando o suspeito numero um do atentado, sendo difamado pelo FBI, imprensa e público apenas por ter agido com destreza e precisão, ninguém é bom demais pra ser real.

Clint constrói uma narrativa segura e sob nova perspectiva, observando a complexidade do drama sem a necessidade de manipular opiniões. Utiliza-se de argumentos convincentes e apresenta equilíbrio com a atualidade.
Em época de fake news na qual vivemos, trabalhar com drama baseado em fatos reais, em paralelo com a busca pela verdade, reafirma a falta de convicção que resiste ao tempo. Só há um fato incontestável: uma noticia plantada, com o passar dos anos, pode ser bastante nociva.