Previsibilidade com competência
Falar sobre repressão cultural e comportamental e, portanto, também sobre o inevitável conflito de gerações naquele país, não é novidade na produção cinematográfica (de grande qualidade, aliás) turca. E, nesse sentido, o diretor estreante Mustafa Kotan, não chega propriamente a inovar, mas demonstra competência ao abordar o assunto.
Embora seu estilo narrativo seja até bastante convencional, se comparado ao de seu badalado e já veterano conterrâneo Nuri Bilge Ceylan (3 Macacos - 2008), diversas vezes indicado a prêmios de melhor direção ou filme nos grandes festivais europeus; Mustafa Kotan, no entanto, demonstra talento na arte de conduzir um tema previsível (choque de gerações) de forma acessível ao grande público e sem "pesar a mão" numa história que facilmente poderia descambar num melodrama.
As atrizes também estreantes Sumru Yavrucuck (mãe) e Ozge Gurel (filha) colaboram bastante no sentido de tornarem interessante ao espectador a oposição entre uma mãe presa aos velhos valores - que determinam o comportamento das mulheres de sua geração - se chocando com a nova visão de mundo de sua jovem filha, em seu anseio de poder frequentar uma universidade, por exemplo, e assim fugir a um destino marcado por regras e imposições às quais não está disposta a se sujeitar.
Ao deixar o pequeno vilarejo onde nasceu em busca da realização de seus sonhos de emancipação e enriquecimento cultural, a jovem garota não poderia prever o verdadeiro abismo que se estabeleceria entre ela e sua mãe no momento em que ela voltasse pra casa, desejando fazer as pazes com sua inflexível (embora extremamente dedicada) mãe.
E é justamente a partir daí que Um Grito de Liberdade ganha o aspecto absoluto de um filme realizado fora do padrão narrativo estabelecido pelo estilo ocidental de se fazer cinema, optando por sutilezas como pequenos silêncios e olhares distantes que, aliás, funcionam muito melhor como simbologia da dificuldade de comunicação que se estabeleceu entre mãe e filha do que a verborragia conflituosa que muito provavelmente caracterizaria o filme, caso tivesse sido produzido sob os moldes ocidentais.
Em outras palavras, é na combinação de elementos de uma linguagem semi-autoral com um primeiro ato (apresentação do tema central) num formato mais acessível ao grande público, que reside o principal mérito de Mustafa Kotan em seu longa de estreia.
IMPORTANTE:
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