
Bollywood globalizada
Em O Segredo da Floresta, a bela norte-americana Amy (Vanessa Curry) convence seu namorado, o jovem indiano Jay (Sahil Shroff), a viajarem juntos à Índia em busca de sossego em relação à loucura de Los Angeles e também de um "reencontro com suas raízes" por parte de Jay que nunca foi, inclusive, propriamente ligado à sua origem familiar e religiosa.

Se a intenção aqui era conceber um filme de terror, mais ou menos nos moldes norte-americanos do gênero, pode-se dizer que o diretor estreante Vikram Jayakumar acertou, ao menos em parte, pois ao contrário do que normalmente vemos num filme "made in Bollywood", O Segredo da Floresta, ao menos, não peca pelo excesso de elementos visuais em detrimento da história propriamente dita. A clássica estrutura dividida em três atos básicos que caracteriza um filme norte-americano médio está aqui presente e razoavelmente bem desenvolvida.

Vikram Jayakumar, também autor do roteiro, talvez peque apenas ao optar por um dos maiores clichês do gênero terror que é conduzir boa parte de sua trama, a partir do momento em que o casal de protagonistas chega à tal floresta, tendo um ritual de exorcismo como ponto de partida a partir do qual irão se desenrolar todos os demais eventos do filme. Mas, até aí, clichês são perdoáveis e quase sempre eficientes, desde que bem utilizados.

Após o - talvez um pouco longo demais - prólogo de apresentação da trama, ou seja, quando a ação propriamente dita em torno da "criança amaldiçoada" que foi recentemente adotada pelo casal se inicia pra valer, o clima ganha um contorno claramente oitentista, quer dizer, do terror oitentista padrão, o que deve fazer com que o público na faixa dos 40 anos, obviamente mais habituado ao gênero, se identifique.
No saldo final entre acertos e alguns erros típicos de principiante, como nem sempre acertar na condução do ritmo da narrativa, Vikram Jayakumar mostra talento. Inclusive para, quem sabe daqui há alguns anos, também ser incorporado pela indústria do entretenimento norte-americana, assim como o foi um M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido, 1999), por exemplo.