Itaú Cultural disponibiliza filmes nacionais
gratuitamente até 1 de agosto
Como forma de prestigiar o Cinema Brasileiro neste momento tão difícil por ele enfrentado, com praticamente todas as salas de exibição fechadas por tempo indeterminado devido à pandemia mundial, a Fundação Itaú Cultural está disponibilizando gratuitamente em seu site, até 01/08, quatro filmes brasileiros contemporâneos, para serem assistidos via streaming.
São eles: Azougue Nazaré (Tiago Melo), Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos (João Salaviza e Renée Nader Messora), Inferninho (Guto Parente e Pedro Diógenes), todos de 2018, e Arábia (Affonso Uchôa e João Dumans, 2017), cuja crítica segue abaixo.
A trama ambientada em Ouro Preto (MG), inicialmente centrada no jovem André (Murilo Caliari), retoma a tradição do cinema brasileiro de caráter social. Mas não esperem um filme pesado ou de caráter panfletário, mesmo a partir do momento em que o foco passa a ser a figura do operário Cristiano (Aristides de Souza) por meio de suas memórias contadas num diário, acidentalmente encontrado pelo jovem André.
A dupla de diretores, Affonso Uchôa (A Vizinhança do Tigre, 2015) e João Dumans, se utiliza de um estilo narrativo bastante ousado pra contarem a história, combinando narrativas paralelas (centradas em ambos os personagens citados) sem nunca caírem no velho clichê do cinema autoral à brasileira, como o uso do silêncio como elemento narrativo, por exemplo. Pelo contrário, o que vemos em Arábia é um filme bastante verborrágico, apesar do belo e longo plano-sequência em que Cristiano pedala sua bicicleta, tendo como pano de fundo as belas montanhas da região.
O ótimo trabalho em termos de desenho de som e mixagem, como por exemplo na cena em que visam dar uma ideia clara quanto à caótica sinfonia de sons que caracterizava a fábrica onde Cristiano trabalhava, é um belo exemplo nesse sentido.
Arábia é, acima de tudo, uma ode ao "working class hero à brasileira" na figura do jovem Cristiano, com temática mais ou menos semelhante ao que vemos no cinema praticado por um Ken Loach (Eu, Daniel Blake, 2015), por exemplo. E assim como ocorre na obra do mestre britânico, o principal mérito desta bela e despretensiosa produção brasileira é justamente o fato de não carregar bandeiras políticas manjadas, mas sim, apenas retratar seu personagem com um misto de poesia e objetividade.
Você pode assistir aos filmes gratuitamente, somente até dia 1 de agosto clicando AQUI.
Aproveite e boa sessão!