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4 AMIGAS NUMA FRIA



MANTENDO E RENOVANDO A TRADIÇÃO DO HUMOR NO CINEMA BRASILEIRO


por Ricardo Corsetti


Já foi dito por gente do porte de um Caetano Veloso (O Cinema Falado, 1986) ou de um Selton Mello (O Palhaço, 2011) que "a autêntica vocação do cinema brasileiro sempre foi o humor". E eu concordo plenamente com eles, afinal, basta lembrar das lendárias chanchadas cinquentistas realizadas pela igualmente lendária produtora carioca Atlântida Cinematográfica e do quanto a estética e linguagem de seus filmes influenciaram (e ainda influenciam) a linguagem e formato dos programas televisivos de humor, por exemplo.

4 Amigas Numa Fria, escrito pelo renomado roteirista e produtor Paulo Cursino, porém, embora até possa se inserir na citada tradição do humor brasileiro, na verdade flerta claramente com a temática característica das comédias românticas norte-americanas, realizadas em grande quantidade ao longo dos anos 90 e início dos anos 2000. E não há problema algum nisso, pelo contrário, pois tal flerte assumido com outras linguagens e formatos é extremamente bem-vindo em termos de renovação do humor brasileiro.


O único problema é que, nem sempre, em 4 Amigas Numa Fria, esse flerte com um tipo de humor não necessariamente característico de nosso cinema e cotidiano real funciona tão bem quanto poderia. Mas há ótimos momentos no filme, sobretudo nas sequências protagonizadas pela divertida dupla formada por Lud (Micheli Machado) e pelo "argentino" vívido pelo sempre ótimo Charles Paraventi (Chamas da Vingança, 2004).

A sempre bela Fernanda Paes Leme (O Homem que Desafiou o Diabo, 2004) é puro charme ao viver a "caliente" Karen, embora nem sempre acerte no tom da composição de sua personagem. Maria Flor (A Suprema Felicidade, 2010), por sua vez, vive o clássico estereótipo da mocinha/heroína de comédia romântica com competência, mas sem grandes diferenciais em relação a qualquer outra encarnação desse tipo de personagem na história do subgênero comédia romântica.

A bela e carismática Priscila Assum merece destaque quanto à divertida composição de sua personagem (Josie) em meio às dúvidas e inseguranças típicas da jovem de classe média que, um dia, finalmente cria coragem para deixar o ninho materno.


O experiente diretor Roberto Santucci (Bellini e a Esfinge, 2001) parece errar um pouco a mão na condução da trama, mas nada que comprometa o resultado final.


Produção caprichada e reforçada pelo charme da região de Bariloche (Argentina), onde a coragem do roteirista, no sentido de não se intimidar ao construir algumas sequências que não obedecessem aos ditames do humor politicamente correto dos dias de hoje, é digna de nota.


Apesar de suas imperfeições no conjunto entre roteiro, direção e tom das atuações, 4 Amigas Numa Fria é bastante válido enquanto tentativa de renovação do gênero humor, tão característico do nosso querido Cinema Brasileiro.




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