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ALGUM LUGAR ESPECIAL (Nowhere Special)




A FORÇA E O PODER DE UM ABRAÇO EM TEMPOS ESCASSOS


por Karina Kiss


Sabe a sensação de já ter experimentado algo antes? É com essa a situação que o espectador se dará conta ao ver o longa Algum Lugar Especial, do diretor Umberto Pasolini (Ou Tudo ou Nada, 1997) baseado em fatos reais. Trata-se de um drama delicado e impactante ao mesmo tempo, como diversos outros que já vimos nas telas.

John (James Norton) representa um pai solo que cuida de seu filho Michael (Daniel Lamont) com uma peculiar condição de vida, e por conta disso precisará encontrar uma segunda família para cuidar e proteger seu filho.


O diretor conduz o tema de modo intimista e, ao mesmo tempo, minimalista, no qual modifica a história conforme ela se desenvolve. A trama tem ritmo sereno e demonstra o porque de tudo que está acontecendo. A relação entre pai e filho estabelece uma conexão em relação ao espectador que não precisa necessariamente assumir um lado a defender no final da trama, acompanha inclusive o seu desenrolar, como se todos fizessem parte da história no desenrolar da condição de saúde de John. As conversas, conduta, gestos e relação entre ambos, pai e filho, se conectam de modo que parece real e há sentimentos envolvidos. A temática da morte é conduzida de modo sutil e ao mesmo tempo direto, como se de um lado houvesse a certeza de uma criança de três anos tentando absorver essa ideia, e de outro lado, um adulto que escolhe o modo como se explicar, mas com tudo sendo feito de uma forma amorosa.


A morte que permeia ambos os personagens, assim como toda a narrativa, é conduzida de modo visual e sólido. A fotografia do filme, embora se torne repetitiva, em nada complica a proposta, pois há um trabalho de direção de arte que, aliada ao crescimento do drama no roteiro, se encaixa quadro a quadro.



Há um equilíbrio cênico entre o adulto e a criança enquanto atores que fica evidente também enquanto personagens. Ambos se adequam, se doam e contrapõem tal pai e filho, adulto e criança. Fica evidente como a morte pode, embora triste, ser mais que um tabu e sim uma realidade a ser encarada por crianças. Há momentos em que é evidenciada a dor do luto, assim como outros filmes já a trataram, o luto que se é obtido em vida, ao passo que o resgate espiritual e conjecturas distintas também surgem.

Sobretudo é um filme não para falar de morte e perdas, mas de ganhos e também sobre o amor.




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