CRYPTO - A APOSTA FINAL (COLD WALLET)
- Antônio de Freitas
- 11 de jul.
- 2 min de leitura

THRILLER MISTURADO COM COMÉDIA DARK
por Antonio de Freitas
Crypto – A Aposta Final se apresenta com letras garrafais que é uma apresentação de Steven Soderbergh (Presença, 2024), cujo nome não aparece nos créditos posteriores e isso soa como sendo apenas uma força que o famoso diretor está dando para seus amigos. Talvez funcione como um selo de qualidade atestando que o filme a seguir faz parte da linha de filmes fora do estilo “hollywoodiano” desse famoso diretor.

E é isso que o filme pretende ser, uma comédia de ação e humor negro fora dos padrões comerciais que questiona os valores da sociedade e a economia abrigada no mundo virtual. E é neste mundo que Billy vivido pelo Raúl Castilho (Cassandro, 2023) confia quando aposta todo seu dinheiro na Cripto Moeda Tulip, uma novidade lançada pelo magnata Charles Hegel, interpretado por Josh Brener (Silicon Valley, 2014-2019). Com isso tem a esperança de conseguir comprar uma casa e poder brigar com sua azeda ex-mulher pela guarda compartilhada da filha. É natal e, animado com a valorização da moeda, ele visita a filha levando um presentão para depois ter mais uma discussão com a “Ex” que o subestima. Sua confiança na virada de vida é destruída quando nota que a moeda não vale mais nada e a morte de Charles Hegel é anunciada.
Desesperado Billy ainda tem que aguentar a pressão do amigo Don, cujo papel é vivido pelo ator Tony Cavalero (Cobra Kai, 2018-2025), um professor de artes marciais furioso por ter sido convencido pelo protagonista a investir na tal moeda. Os dois estão completamente desorientados quando conhecem Eva, na pele de Melonie Diaz (Charmed: Nova Geração, 2018-2022), uma outra vítima do desastre financeiro. Sem mais nem menos, ela atira uma verdade na cara dos dois, Charles Hegel está vivo e escondido em uma mansão da qual ela tem a localização. Neste momento o filme realmente engata na ação, o trio é formado e parte para uma jornada de vingança querendo sequestrar o homem para fazerem justiça para si mesmos e o resto de investidores que perderam tudo com o golpe financeiro de Charles. Lógico que tudo vai dar errado e gerar muita confusão.

Temos aqui uma comédia que se propõe a discutir tantos detalhes da vida e das instituições que se perde no caminho por tentar abordar muitos assuntos ao mesmo tempo. Mas não perde seu charme, fortalecido pelo ótimo elenco que cria personagens realistas, cheios de defeitos e fáceis de gerar empatia no público, que pode se identificar com a ira e os erros dos três protagonistas assim como seu senso de justiça. Não chega a ser uma comédia desvairada que arranca gargalhadas, mas entrega uma história divertida que nos dá elementos que podem gerar questionamentos sobre a fragilidade de nossas instituições e ideias. Principalmente a do conceito de que os super ricos são os pilares da sociedade capitalista.