PERSONAGEM ESSENCIAL, FILME NEM TANTO
por Ricardo Corsetti
A cinebiografia a respeito da famosíssima escritora britânica Emily Bronte (1818-1848), autora do célebre romance O Morro dos Ventos Uivantes (1847), embora bem produzida, não chega de fato a empolgar.
Talvez isso se deva à inexperiência de Frances O'Connor em sua estreia na direção de longa-metragem, pois, ao longo de suas 2 horas e 10 minutos de duração, há momentos em que o filme pesa como chumbo, devido à ausência de um ritmo narrativo adequado.
Mas Emily tem lá suas qualidades, tais como: a reconstituição de época primorosa, bem como o talento e carisma de Emma Mackey (O Segredo do Lago, 2020) como protagonista que, aliás, lembra muito - até por conta do charmoso sotaque britânico bem marcado - o estilo de interpretação de sua conterrânea Keira Knightley (Orgulho e Preconceito, 2005).
A propósito, o filme em geral lembra bastante - tanto a estética quanto o tom utilizado - filmes estrelados pela musa britânica Keira Knightley, tais como o já citado Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação (2007) por exemplo, ambos dirigidos pelo competente Joe Wright.
Pena, porém, que Emily não possua o mesmo brilho proporcionado pelo ritmo narrativo adequado dos filmes de referência citados.
Mas merecem destaque as breves cenas em que a personagem título, digamos assim, experimenta um momento "sensorial", proporcionado pelo consumo de ópio.
O primoroso trabalho de direção de arte, em termos de cenografia e figurinos, também é digno de nota.
Mas sinceramente, é pouco, muito pouco, para se justificar essa cinebiografia a respeito de uma personagem tão historicamente relevante quanto o foi Emily Bronte que, embora seja vista oficialmente como autora de um único livro - o famosíssimo e frequentemente adaptado para o cinema O Morro dos Ventos Uivantes -, é também autora de uma vasta obra poética esquecida e destruída intencionalmente por sua irmã, Anne. E aí reside um dos grandes méritos do filme: nos revelar este fato.
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