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ESPIRAL - O LEGADO DE JOGOS MORTAIS (Spiral: From The Book Of Saw)




REENCARNAÇÃO BEM SUCEDIDA DE UMA CLÁSSICA FRANQUIA

por Ricardo Corsetti

Policial novato: "Talvez elas (as mulheres) não gostem de serem chamadas de bruxas". Policial veterano: "E você acha que eu digo isso a ela (esposa)? Isso é só pra comentar com os amigos e parceiros de trabalho". Assim falou o protagonista de Espiral - O Legado de Jogos Mortais, vivido pelo sempre divertido e histriônico Chris Rock (Máquina Mortífera 4, 1998).

Chega mesmo a ser surpreendente que a franquia "Jogos Mortais", iniciada com o filme homônimo em 2004, dirigido então por James Wan, ainda seja capaz de ter fôlego para se renovar e continuar relevante junto ao grande público que, não necessariamente, chegou a ver o primeiro filme onde tudo começou. Ou seja, muita gente - hoje na faixa dos 20 anos que vê agora o mais recente episódio desta clássica franquia -, obviamente, era ainda criança quando o primeiro filme foi rodado.


"Jogos Mortais", sem sombra de dúvida, é realmente o mais próximo que o cinema norte-americano mainstream (direcionado ao grande público) já chegou em relação ao bom e velho subgênero Gore (caracterizado por muito sangue e vísceras expostas), iniciado sobretudo por diretores italianos como Lucio Fulci (Terror nas Trevas, 1980) e Joe D'Amato (Buio Omega, 1979), por exemplo.



E talvez seja justamente pelo fato de "Espiral" renovar o subgênero com um roteiro razoavelmente bem elaborado, que não se resume apenas a sangue jorrando para todo lado e tripas voando, mas sim, baseado numa boa trama que envolve corrupção policial. Acredite que o filme tenha potencial para atingir e satisfazer um público maior, não necessariamente de aficionados pelo gênero horror/gore.

Chris Rock, em raro momento como personagem sério, diga-se de passagem, consegue impor seu humor característico ao angustiado protagonista por ele vivido, embora em certos momentos seu tom de atuação me pareça um tanto exagerado, mas nada que comprometa o resultado bastante satisfatório. O veteranaço Samuel L. Jackson (Jackie Brown, 1997), por sua vez, poderia ter sido melhor aproveitado como pai do protagonista, visto que seu personagem parece ter mesmo muitas coisas nebulosas em seu passado como comissário de polícia a serem reveladas.


Darren Lynn Bousman (O Matadouro, 2016) acerta no ritmo de condução da trama, embora pareça um tanto preocupado em "suavizar" as sequências mais sanguinárias para não chocar o público não familiarizado com as já citadas características típicas do subgênero Gore.


A grande verdade é que, só pelo fato de ter introduzido e apresentado às plateias convencionais o universo saborosamente insano deste ultra clássico subgênero, a bem-sucedida franquia "Jogos Mortais" como um todo, prestou um inestimável serviço cinéfilo e, com toda certeza, nos deixa um grande legado.



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