AMIZADE À TODA PROVA
por Jhuliano Castilho
Dirigido pelo chinês Wing-Cheong Law (A Fúria de Vajra, 2013), o longa-metragem é uma espécie de Marley e Eu (David Frankel, 2008), mostra a relação entre um homem, chefe de cozinha estilo aqueles do Masterchef, que é muito bravo e que após ficar cego, irá precisar de um cão-guia.
Ao contrário do que ocorre em Marley e Eu, que mostra um cachorro bagunceiro, a trama aqui é outra: a cadela do protagonista Li Baoting (Simon Yam) é um cão-guia. Ela se torna a visão deste homem rabugento que não quer ajuda para se adaptar a sua nova condição: a cegueira. A partir daí, acompanhamos todos os desdobramentos desta história, com Baoting tendo que se adaptar e desenvolvendo afeto pelo animalzinho.
Apesar de um começo bastante conturbado, em que desenvolvemos antipatia pelo protagonista, o diretor investe um grande tempo da narrativa no sentido de desenvolver o afeto entre o homem e o animal, que surge, sobretudo, por parte da cadela, sem motivos em relação aquele homem irritante.
Neste filme da Hallmark, tudo se desenrola de forma óbvia e previsível. Sabemos desde o início como a trama vai se desenvolver e, pior ainda, terminar. Até parece haver uma tentativa de trazer algo novo para o filme, como, por exemplo, o sequestro relâmpago da cadela para virar comida em um festival, mas a cena se desenrola de uma forma tão sem graça e mal realizada que acaba até mesmo por perder seu sentido na trama.
Os atores também são um desastre. Não passam credibilidade em sua ira ou pesar, tentando nos levar às lágrimas, mas falhando miseravelmente. Com exceção dos cães, bem treinados e com as melhores cenas do filme, nada mais funciona. A menina que interpreta a antiga dona de Q não consegue passar a emoção necessária e o protagonista, por sua vez, se mostra perdido em meio a essas atuações sem rumo e sem força.
Mas nem tudo é desastre, o diretor Law até consegue construir alguns bons momentos de genuína emoção, com músicas bem encaixadas, que dão o tom adequado aos momentos-chave. E o desfecho, apesar de corresponder a tudo aquilo que já se esperava, é eficiente em alcançar a emoção almejada, principalmente em relação a quem já perdeu um filho de quatro patas.
Assim, Eternos Companheiros é um daqueles filmes bem Sessão da Tarde, ideais para assistir no sofá, abraçado com seu cão. Não é propriamente bom, pelo contrário, tem momentos realmente ruins e alguns até vergonhosos. Mas a emoção e empatia em relação ao filme, vai depender do seu afeto pelos animais. Este definitivamente não é um filme para quem não gosta ou nunca teve um.
O segredo é focar na jornada do cão, em seu olhar na história. Quem for capaz de embarcar nisso e esquecer dos problemas vai se emocionar.
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