REPETIÇÃO MEDIANA DE UMA VELHA FÓRMULA
por Ricardo Corsetti
Desde o final dos anos 60 e início dos 70, época em que filmes absolutamente icônicos - como por exemplo, O Bebê de Rosemary (Roman Polanski, 1969) e O Exorcista (William Friedkin, 1973) - trouxeram o gênero horror de volta aos holofotes do cinema mainstream (voltado ao grande público). Se, por um lado, tais filmes foram fundamentais no resgate de um gênero, pouco tempo antes visto como "menor" no universo cinematográfico, por outro, também geraram uma espécie de fórmula "imprescindível" ao êxito dos futuros filmes de horror que pretendiam dialogar com o grande público.
Não por acaso, na recente co-produção entre México, EUA e Venezuela, intitulada Exorcismo Sagrado (de Alejandro Hidalgo), a começar pela referência óbvia no título, vemos uma verdadeira seleção (para não dizer repetição) de praticamente todos os clichês institucionalizados para quem visa realizar um filme de horror "destinado ao grande público".
É preciso, porém, reconhecer o mérito do diretor venezuelano - estreante na direção de longas-metragens - no sentido de até conseguir, com razoável competência, driblar os clichês temático-narrativos ao introduzir uma bem humorada crítica ao oportunismo católico por meio da figura do padre norte-americano Peter Williams (Will Beinbrink) na forma como ele lida com a questão do exorcismo, visando fama e reconhecimento.
O único problema é que, mais adiante, o mesmo filme que a princípio se propunha a criticar/satirizar os dogmas e o oportunismo católico acaba, quase que inevitavelmente, sendo condescendente com eles e, de certo modo, até os reverenciando.
Piadas à parte, não sei até que ponto a própria origem hispânica do diretor venezuelano não acaba por gerar um misto de atração/repulsa aos dogmas católicos, obviamente presentes em sua formação como indivíduo.
Mas o que realmente importa é que, felizmente, a habilidade narrativa de Hidalgo, associada aos razoavelmente competentes efeitos especiais, bem como a duração enxuta do filme (1h38min), evitam que a recorrência a clichês, tais como os inevitáveis "jump scares" (sustos fáceis) o tornem exageradamente previsível ou mesmo cansativo.
Enquanto mero entretenimento desprovido de maiores intenções autorais ou mesmo de soar inovador, Exorcismo Sagrado cumpre bem sua função, resultando ao menos, numa boa Sessão de Tarde para adultos.
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