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IRMÃOS DE HONRA (Devotion)

Atualizado: 24 de jun. de 2023


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OVERDOSE DE "AMERICANISMO"


por Ricardo Corsetti


Típico filme que prima muito mais por seus méritos técnicos do necessariamente pela história/trama abordada, Irmãos de Honra se insere claramente na tradição dos filmes ufanistas e de propaganda Internacional do american way of life (estilo de vida norte-americano).

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A trama baseada na história real de Jesse L. Brown (1926-1950), o primeiro aviador negro das Forças Armadas da terra do Tio Sam, poderia ser retratada de uma maneira bem menos apelativa e altamente ficcionalizada, não fosse a necessidade de se exaltar, como sempre, a sacrossanta América como "terra das oportunidades" e autêntico "oásis de democracia" (embora durante a época aqui abordada, indivíduos negros ainda fossem pendurados em árvores e enforcados em determinadas regiões dos EUA, com a conivência e omissão estatal).


E a verdade é que, até mesmo os méritos técnicos de Irmãos de Honra são um tanto discutíveis, visto que as cenas de batalha aérea durante a Guerra da Coréia (a melhor coisa do filme, sem dúvida), demoram muito para, de fato ocorrerem, numa trama arrastada e por vezes cansativa, onde as 2 horas e 19 minutos de duração do filme, em determinados momentos, pesam como chumbo, devido ao aparente pouco talento narrativo do jovem diretor e roteirista J.D. Dillard (O Mistério da Ilha, 2020).

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Me incomoda também a figura de um indivíduo (protagonista) que, na prática, nunca está de fato lutando contra um sistema baseado na exclusão racial e social, mas sim, para ser incluído neste mesmo sistema. Ao passo que o filme apresenta este ato extremamente incoerente como algo a ser louvado.


Voltando a falar sobre questões técnicas e narrativas, é praticamente impossível não ser tentado a ver Irmãos de Honra como uma espécie de Top Gun (Tony Scott, 1986) transposto à época da Guerra da Coréia. Falta, porém, ao jovem J.D. Dillard o talento narrativo do saudoso Scott (1944-2012).


Em síntese, a verdade é que pouco mesmo se salva no filme, com exceção de algumas boas cenas de batalha aérea, etc, que, em relação ao incômodo que me causa a nauseante propaganda ideológica relativa ao "heroísmo" da eterna "polícia do mundo" (EUA), não me confortam nem um pouco.




 
 
 

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Também escreve esquetes de humor para internet (algumas no programa que também produziu chamado Dedo Indicador) e contos ainda não publicados. Atualmente está filmando dois curtas de sua autoria.  

 

Formado pela FACHA/RJ em Jornalismo e Publicidade & Propaganda. Fez aulas particulares com Jorge Duran (roteirista de Pixote e Lucio Flávio - Passageiro da Agonia). Fez a Oficina de Roteiro da Rio Filme e inúmeros cursos de roteiro com profissionais da área.

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