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O CHAMADO DE DEUS (Dial a Prayer)


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TÍPICO FILME DE NATAL


por Antônio de Freitas


O Chamado de Deus, dirigido por Maggie Kiley (Dilema, 2022) e lançado em 2015 é lançado no Brasil só agora, talvez por causa de sua protagonista, que brilhou como a vulgar e espevitada “Marilyn Monroe de Black Friday” do filme X - A Marca da Morte (Ti West, 2022). Trata-se de Brittany Snow, que está muito bem como protagonista deste filme e só ganha com a comparação entre estes dois personagens tão diferentes quanto os gêneros dos dois filmes citados. Ao contrário do terror que foi aclamado como um dos melhores de 2022, O Chamado de Deus é um filme feito sob medida para um público conservador e religioso. Brittany interpreta a azedona Cora, uma moça problemática que trabalha em uma agência que oferece um serviço telefônico que podemos traduzir pra “Disque-Reza”.

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Cora está claramente infeliz e não consegue suportar os seus colegas de trabalho, uma turma formada por uns tipinhos esquisitos que são um espetáculo à parte, um exemplo que uma boa escolha de coadjuvantes pesa muito em um filme. Cada um deles é uma caracterização muito bem feita que nos dá a sensação de já ter conhecido alguém parecido. O ótimo elenco é agraciado com o sempre magnífico Willian Macy (Magnólia, 1999) na pele do chefe, uma espécie de pastor que tem um comportamento ambíguo, que nos deixa sempre na dúvida quanto ao seu caráter.


E é este o ambiente onde transita nossa deprimida e desorientada protagonista, que sofre por estar ali e ter que aguentar a mãe alcoólatra e desequilibrada. Não pode sair porque esse emprego é uma alternativa à cadeia, já que havia cometido um crime no passado. Cora vai empurrando a vidinha besta que lhe coube até o momento em que entra em contato com um sofrido rapaz que procurou o serviço. Aí algo muda na sua cabeça e ela se joga em uma jornada para achar um rumo para sua vida.


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Amparada por uma produção eficiente assim - com valores de produção até bem altos -, a diretora e roteirista Maggie Kiley entrega um filme bem feitinho, onde Brittany Snow reina absoluta, nesse papel que lembra muito a Meg Ryan (Mensagem para Você, 1998) dos anos 90 com um toque de depressão.


O filme começa como uma comédia amarga com certa personalidade, para depois se transformar em um típico clichê de personagem que se transforma e aprende com os percalços que a vida lhe oferece. Uma história bem nos moldes de Frank Capra (A Felicidade Não se Compra, 1946) com uma mensagem edificante e bem definida. Com certeza vai agradar à uma parcela bem grande da população brasileira: a tradicional família brasileira que irá adorar ver um filme assim na noite de Natal.


 
 
 

Comentários


Também escreve esquetes de humor para internet (algumas no programa que também produziu chamado Dedo Indicador) e contos ainda não publicados. Atualmente está filmando dois curtas de sua autoria.  

 

Formado pela FACHA/RJ em Jornalismo e Publicidade & Propaganda. Fez aulas particulares com Jorge Duran (roteirista de Pixote e Lucio Flávio - Passageiro da Agonia). Fez a Oficina de Roteiro da Rio Filme e inúmeros cursos de roteiro com profissionais da área.

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