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O HOMEM IDEAL (Ich Bin Dein Mensch)





QUEM FOI QUE DISSE QUE OS ALEMÃES NÃO TEM SENSO DE HUMOR?

por Ricardo Corsetti

Filmes que retratam um futuro não muito distante, onde as relações humanas se tornariam superficiais e intermediadas por androides ou ciborgues, não são novidade na história do cinema internacional, sobretudo no gênero ficção científica. Mas na divertida produção alemã O Homem Ideal temos, na verdade, uma inusitada comédia romântica que flerta (ou brinca) com a ficção científica.

Filme inusitado, sim, pois graças à visão de sisudos e quase insensíveis que fomos habituados a ter em relação aos alemães (sobretudo via filmes norte-americanos que se propõe a retratar a Alemanha), dificilmente imaginaríamos uma comédia romântica, sendo realizada com tamanho êxito e singeleza, justamente pelo cinema alemão contemporâneo.


Boa parte do êxito de O Homem Ideal, verdade seja dita, se deve ao talento e carisma da dupla de protagonistas - Alma (Maren Eggert) e Tom (Dan Stevens) - que, graças a uma química perfeita em cena, seguram com maestria a criativa trama envolvendo um improvável casal formado por uma cientista extremamente cética em relação ao amor e um namorado de aluguel robô (Tom), com o qual ela acaba, mesmo que a contragosto, se envolvendo ao participar de um "experimento", por necessidade financeira.


A divertida trama coescrita pela própria diretora Maria Schrader (estreante em longa-metragens) flui bem e poucas vezes recorre aos clichês típicos do subgênero Comédia Romântica de produções norte-americanas, por exemplo.

O ótimo ator britânico Dan Stevens (O Chamado da Floresta, 2020), que, surpreendentemente, parece falar um alemão impecável, é puro carisma na pele do, digamos assim, extremamente humano namorado-robô Tom. Em contrapartida, a também ótima atriz alemã Maren Eggert (Os Invisíveis, 2018), funciona como contraponto perfeito à visão de mundo simples e otimista de seu improvável namorado mecânico (que parece ser o verdadeiro humano da relação), transbordando ceticismo em relação a tudo (e sobretudo em relação ao amor), postura essa que será aos poucos transformada pelo sempre gentil e prestativo Tom.


Grata surpresa em tempos de filmes que se levam a sério demais. Até mesmo no segmento mais comercial do cinema internacional, O Homem Ideal nos diverti e informa, com muito bom humor, o quanto a vida pode ser bem menos complicada, basta querermos.




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