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O IMPÉRIO DE PIERRE CARDIN (House of Cardin)




EXPLICANDO UM ÍCONE


por Antônio de Freitas


Pierre Cardin (1922- 2020) tem uma posição sólida na história da moda como um grande artista, assim como a fama de famigerado e ambicioso por ter criado um império gigantesco. Sua vida e trajetória, repletas de controvérsias, realmente merecem ser estudadas e é isso que fizeram esses dois diretores/produtores em O Império de Pierre Cardin.

Paul David Ebersole e Todd Hugges já haviam esmiuçado ícones da cultura nos documentários: O Labirinto de Kubrick (Room 237, 2012) e Querida Mamãe, com Amor, Cher (Dear Mom, Love Cher, 2013). No primeiro, visitaram o icônico filme O Iluminado (Stanley Kubrick, 1980 ) com muito humor ácido, teorias malucas e interpretações absurdas que envolvem e divertem o espectador em um documentário falso. No segundo lidam com a não menos icônica cantora Cher (Burlesque, 2010) e sua família.


Agindo na mesma vertente, de lidar com figuras da Cultura Pop, lançam um documentário com pegada mais séria e jornalística e rico em informações sobre a vida e obra desse italiano. Sim, Pierre Cardin era italiano. Filho de um produtor de vinhos de ascendência francesa, nasceu em 1922 no Veneto e teve que ir para a França com a explosão do fascismo na Itália. Em Paris, começou como assistente de alfaiate aos 14 anos e, aos 28 anos, fundou seu próprio ateliê depois de ser assistente de alguns dos maiores nomes da alta costura da época. Esse foi o primeiro passo para uma carreira brilhante.



Através de depoimentos de amigos, clientes, colegas de trabalho, cenas de documentários, reportagens, comerciais de época e do próprio Cardin, podemos ter uma visão completa sobre a extensão da obra desse italiano que criou uma multinacional cujos produtos alcançaram todos os cantos do nosso planeta. Ainda podemos ver cenas de seu cotidiano de trabalho e amigos do incansável artista que se mantinha atuante e cheio de projetos aos 95 anos de idade. Cardin trabalhou até seus últimos dias de vida e nos deixou um legado que abrange não só o campo das vestimentas. Suas criações se estenderam ao campo de design de móveis, objetos de decoração, iluminação, canetas, perfumes, carros e até na arquitetura. Foi ele uma das pedras fundamentais da formação do gosto e do modo de vida da classe média do mundo inteiro. Quando resolveu abraçar o mercado de “prêt-à-porter”, foi expulso da Associação de Alta Costura de Paris e criticado por “banalizar” sua arte e querer apenas enriquecer quando popularizou sua grife.


Pierre Cardin responde todas essas acusações dizendo que lutou pela democratização da alta costura quando deu ao “povão” o acesso a uma arte que antes era permitida apenas aos milionários. Assistindo a este belo documentário o espectador pode avaliar sua trajetória e decidir quem está com a razão. Ele ou seus detratores.

Uma coisa é indiscutível, o homem é um verdadeiro mito.




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