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OS PEQUENOS VESTÍGIOS (THE LITTLE THINGS)





RECICLANDO REFERÊNCIAS COM PERSONALIDADE


por Ricardo Corsetti



Basta uma rápida conferida em Os Pequenos Vestígios para imediatamente notarmos uma série de referências e citações ao já clássico Seven - Os Sete Pecados Capitais (David Fincher, 1995). Mas isso não significa que o mais recente filme estrelado por Denzel Washington (Dia de Treinamento, 2001) seja ruim ou mesmo se resuma a uma mera cópia do cultuado filme citado, muito pelo contrário, pois o diretor John Lee Hancock (Um Sonho Possível, 2009) resignifica com competência e originalidade as ideias que fizeram do já clássico filme de Fincher, referência absoluta, desenvolvendo ainda mais a relação de amizade e cumplicidade entre a figura do veterano e experiente policial vivido por Denzel Washington e seu novato e arrogante substituto, vivido por Rami Malek (Bohemian Rhapsody, 2019).

Aliás, no que se refere ao personagem vivido por Washington, cinéfilos quarentões irão facilmente identificar e se deliciar com outra evidente referência na composição de seu atormentando personagem: O Diabo Veste Azul (1995), filme neo-noir dirigido por Carl Franklin no qual Washington representava um detetive igualmente atormentado por fantasmas do passado e pela consequente confusão momentânea entre realidade e delírio.


Outro ponto alto do novo filme é o vilão vivido por Jared Leto (Réquiem Para Um Sonho, 2000), em atuação inspirada (seu melhor trabalho nos últimos anos, diga-se de passagem), outra evidente referência ao já icônico psicopata vivido por Kevin Spacey em "Seven".


Talvez o único ponto fraco de Os Pequenos Vestígios seja mesmo a discutível atuação de Malek (o já eterno Freddie Mercury de Bohemian Rhapsody), que se vale de muitas caras e bocas e pouca profundidade na composição do co-protagonista da trama. Embora seu desempenho até cresça consideravelmente já próximo ao desfecho da trama, o fato é que ele realmente não me convenceu como ator, parecendo ser mesmo o típico ator de um único personagem que o perseguirá pelo resto da vida.



Descontado este único senão, Os Pequenos Vestígios realmente trabalha e transcende muito bem as ótimas referências sobre as quais foi concebido, apresentando um belo estudo acerca dos conceitos de culpa x redenção, arrogância vazia x experiência e sobretudo em relação à impossibilidade frequente de termos de fato o controle de toda e qualquer situação verdadeiramente em nossas mãos.




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