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TIRE 5 CARTAS



COLOQUE 5 FILMES

por Vicente Vianna


Com o advento dos streamings, o público do cinema diminuiu muito e também aumentou a procura por ver histórias serializadas. A pós-pandemia está tirando esse público que cansou de ficar em casa, dando chance de voltar a lotar as salas de cinema, sonho de todo produtor. E o filme brasileiro tem um bom histórico de público em comédias, como O Auto da Compadecida (Guel Arraes, 2000), Minha Mãe é uma Peça - O Filme (André Pellenz, 2013), etc. O grande público brasileiro quer se ver na tela e se divertir. O importante é que o cinema voltou e quer voltar a fazer o dinheiro rodar, o que é muito saudável para a economia brasileira.

Desafio lançado e abraçado pela competente produtora cinematográfica Elisa Tolomelli (Cidade de Deus, 2002) junto com Joaquim Haickel - pai da idéia, produtor e roteirista - que, durante a pandemia em 2021, juntou toda equipe vacinada em sua cidade natal, São Luis do Maranhão, e faz, inteiramente produzido e filmado lá, o filme Tire 5 Cartas (de Diego Freitas). Mas como a trama também se passa no Rio de Janeiro? A solução é simples. Todas as cenas externas são filmadas depois - de drone - na capital carioca e inseridas junto a locações internas (quarto, sala, bar, etc) que podem ser filmadas em qualquer lugar do mundo.


A comédia Tire 5 Cartas traz Lilia Cabral (Maria do Caritó, 2018) como Fátima e Stepan Nercessian (Os Penetras, 2012) como Lindoval, que vivem um casal do Maranhão no Rio de Janeiro e, por causa de uma herança tem que voltar as origens: ir pro Maranhão, conviver com pendengas da família e ainda sofrem uma perseguição de ladrões por causa de uma receptação de jóia roubada caída no colo deles por engano.



O que tem em comum Lilian Cabral e Stepan Nercessian? Ambos são bons atores, trabalharam em novelas da Rede Globo, e no filme estão em personagens caricatos. Ela, numa vigarista desbocada que ilude as pessoas com o Tarô e ele num corpo de Chacrinha incorpora o Sidney Magal para dar show e ganhar alguns trocados para juntar com a aposentadoria ao animar o público pagante. Outra coisa em comum é o sinal no queixo, isso também reforça visualmente que o casal deu química, compramos fácil que são marido e mulher, cúmplices e apaixonados.


O diretor Diego Freitas (Depois do Universo, 2022), que começou trabalhando em sets de filmagem e pós produção - pois adora efeitos especiais para contar uma história - caiu como uma luva no Tire 5 Cartas, que tem CG (computação Gráfica), e como filme foi feito na pandemia, ele optou por mais close ups nas externas pois senão podia pegar alguma pessoa na rua de máscara.


Tire 5 Cartas é uma mistura nos personagens, onde vemos: “Herculano Quintanilha", personagem da novela O Astro (TV Globo, 1977 e 2011); “Vadinho", do filme Dona Flor e seus Dois Maridos (1976 e 2017); e ainda uma dupla de bandidos com elementos dos dois tipos de clown – Branco e Augusto -, onde um é esperto, mas no fundo é ingênuo e o outro é tonto, mas no fundo é sabido. Fórmula que dá certo desde o tempo de Zorro e Sargento Garcia, Abbott e Costello, O Gordo e o Magro, Kiko e Chaves, Didi e Dedé, para citar alguns exemplos.

O filme ainda conta com as participações especiais das influenciadoras digitais Marthy Lemos - que faz muito sucesso na internet com vídeos que atraem milhões de seguidores -, acaba fazendo o papel dela mesma, e Thaynar OG, que já se aventurou também como atriz e apresentadora na TV. E, como tudo que acontece no Maranhão, não podia ficar de fora a homenagem à conterrânea cantora Alcione, e ainda tem uma rápida aparição do também homenageado no personagem Lindoval, o ídolo Sidney Magal.


A fórmula da comédia têm o intuito de fazer o espectador se divertir, porém tem que ser muito bem dosada para não perder a mão e a verossimilhança. Segundo Joaquim Haickel: “esse filme vai fazer você rir e se emocionar com a lição que o importante é estar perto de quem amamos e que podemos amar mais de uma vez na vida”. Mas, a meu ver, o roteiro escrito por 6 pessoas (Joaquim Haickel, Gustavo Pinheiro, Melina Dalboni, Diego Freitas, Giulia Bertolli e Julia Antuerpem) peca pelo excesso de quebra da normalidade em prol da comicidade, aqui uso uma metáfora de uma cena do filme quando a protagonista Fátima anda de salto alto nas ruas de paralelepípedo de São Luís. O filme caminha um pouco assim, com conflitos rapidamente resolvidos e em situações contraditórias.


Devemos lembrar - como disse o autor da idéia, Joaquim -, que ele escreveu uma série e teve que adaptar para um longa. Muitos personagens ficaram de fora e, como toda comédia brasileira com personagens fortes, as continuações são inevitáveis, por isso acredito que vem mais por aí. O cinema e o público brasileiro agradecem.


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