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TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO (Everything, Everywhere All at Once)



QUANDO A PROPOSTA INICIAL É BEM SUPERIOR AO RESULTADO



por Ricardo Corsetti


Típico exemplo de filme em que o conceito ou proposta inicial "inovadora" é bem superior ao resultado propriamente dito. Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo diverte e deslumbra o espectador, sem dúvida, graças à grandiosidade e ousadia em termos de produção, mas não vai muito além disso.

A overdose de referências que vão desde os clássicos filmes de artes marciais "hongkongianos", passando pelo surrealismo pop, até a clara homenagem ao belíssimo Amor À Flor da Pele (2000), na reprodução praticamente idêntica de uma cena desta joia absoluta, dirigida pelo chinês Wong Kar-Wai. É mérito por um lado e problema por outro, visto que, tamanho emaranhado de referências visuais acaba - aparentemente - prejudicando o desenvolvimento da história propriamente dita que aqui está (ou deveria estar) sendo contada, resultando num roteiro um tanto capenga, onde muitas situações são apresentadas, mas nunca plenamente desenvolvidas.


Além disso, a necessidade que o filme se auto-impõe de ser uma verdadeira metralhadora giratória de piadas, tentando nos fazer rir a cada 5 segundos, também acaba por prejudicar - e até inviabilizar - um melhor desenvolvimento da trama que, por vezes, acaba se perdendo em meio a algumas piadas desnecessárias e não tão eficientes quanto deveriam ser.


A perícia, em termos técnicos, da jovem dupla de diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert (egressos do universo dos videoclipes) é inegável. Mas ainda assim, a grande verdade é que o êxito do filme se deve enormemente ao talento e carisma da dupla de protagonistas: a diva malaia Michelle Yeoh (O Tigre e o Dragão, 2000) e o vietnamita Ke Huy Quan (Os Goonies, 1985). Sim, ele era um dos garotos deste clássico absoluto da sessão da tarde.

Destaque também para a impagável participação de Jamie Lee Curtis (Halloween, 1978) como uma vilã/megera de primeiríssima!

Ah, a cena envolvendo o, digamos assim, "falo de ébano", também é digna de nota. Só não me peçam para explicar aqui, exatamente do que ela se trata, ok? (rs)


Extremamente criativo enquanto proposta e apenas mediano enquanto realização, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo cumpre bem sua função enquanto bom e competente entretenimento, mas nada muito além disso. Ao contrário do que certas críticas "emocionadas" vem dizendo por aí. É isso.




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