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URSINHO POOH: SANGUE E MEL II (Winnie The Pooh: Blood and Honey II)


PARA FICAR POOH DA VIDA


por Antônio de Freitas


Após um ano do lançamento do primeiro filme sobre a versão de terror da fábula do famoso e adorado urso, Ursinho Pooh: Sangue e Mel II (Winnie the Pooh: Blood and Honey II, 2024) chega às telas tupiniquins prometendo mais sangue do que seu antecessor e revelando a decadência da onda do retorno dos "Slashers Movies”. Como em diversos aspectos da política e cultura que repetem eventos do século XX, esta moda cumpre a mesma trajetória da primeira onda que nasceu no final da década de 70 e sua queda quando os “bons” exemplares do gênero começaram a dividir espaço com “filmecos” oportunistas com histórias que serviam apenas como justificativa para exibirem cenas de assassinatos bizarros.


Em 2016 foi exibido nos cinemas o descerebrado Aterrorizante (Damien Leone, 2016) fazendo um sucesso respeitável com suas cenas de violência explícita usando toneladas de sangue e tripas com um fiozinho de roteiro que só existia para oferecerem um espetáculo para lá de sanguinolento. E fez dinheiro suficiente para bancarem uma continuação em 2022, que apenas repetiu a fórmula de gosto duvidoso do original.


Em 2023 lançaram Ursinho Pooh: Sangue e Mel (Winnie the Pooh: Blood and Honey, 2023) que seguia uma fórmula já explorada, que é a de dar pinceladas de terror em fábulas infantis. Mas usava as mesmas artimanhas do filme do pierrô branquelo, enchendo a tela com o maior número de mortes violentas que coubessem em um roteiro mixuruca. E, neste caso, a continuação demorou apenas um ano para ser feita e vem com um orçamento mais alto que está bem evidente na melhoria das imagens, efeitos especiais e valores de produção. Mas, infelizmente, com as mesmas “qualidades” do primeiro filme.


É uma direta continuação do original e nos apresenta o protagonista Cris Robbin (Scott Chambers) vivendo com os traumas da carnificina anterior e suportando a desconfiança dos moradores da cidade onde mora, que acham que ele teve alguma coisa a ver com aquele banho de sangue. Enquanto isso, os vilões do filme (as versões monstruosas dos famosos personagens) são apresentados em seu covil tramando para acabar com a cidade inteira em cena irritantemente explicativa.


E são vistos de forma bem explícita, que nos permite perceber a melhora dos efeitos de maquiagem nesta produção. Se no anterior pareciam apenas homens vestindo máscaras de borracha, nesta são homens vestindo máscaras que tentam parecer que são a pele real das criaturas, chegando a convencer no escuro. Mas o efeito se vai quando se nota que o Ursinho Monstro é um homem alto e magro (no primeiro, ao menos, parecia gordinho como um urso) com uma ridícula barriga falsa que fica mudando de lugar durante o filme. Em momentos parece uma barriga estufada de uma grávida e, em outros, uma pança caída de senhor cervejeiro ou peito estufado.


Após a apresentação via desenhos com uma narração e as breves cenas dos personagens principais começa a montanha russa lotada de mortes bizarras. Um desenrolar de cenas com erros terríveis de continuidade, onde pessoas estão em uma cena com o rosto limpo para depois aparecerem banhadas em sangue segundos depois; o protagonista está em uma boate no centro da cidade e, em segundos, está no meio do mato; objetos aparecem sem nenhuma explicação só para atender as necessidades do roteiro.


Apesar de aparentar ter muito mais dinheiro, o roteiro é capenga, com personagens estereotipados e mal apresentados que surgem do nada para serem assassinados minutos depois ou para discursarem explicando a história.


O protagonista é vivido por um ator completamente inexpressivo, que desfila no filme inteiro com uma cara de ressaca de calmantes. Sua trajetória é daquele manjado personagem que precisa provar sua inocência enquanto tenta avisar sobre a ameaça pairando sobre a cidade, onde todo mundo age como idiota saindo para passear numa floresta, apesar da notícia sobre os assassinatos cometidos ali.


Nota-se uma fotografia trabalhada, uma trilha sonora eficiente e alguns enquadramentos bons, mas temos uma enxurrada de clichês em uma história tosca com um mistério forçado, que leva à uma explicação cuja função é dar uma certa unidade ao conjunto de filmes que vão passar de apenas dois, pois deixam bem claro que vai ter uma continuação.


É uma repetição de todas as fórmulas banais de filme de terror barato que deram ao filme a maioria dos prêmios de pior do ano na entrega do Framboesa de Ouro de 2024. E nos dão o motivo para ninguém se dar ao trabalho de ir ao cinema e pagar caro pelo ingresso e pipoca. Melhor esperar para quando estiver em algum streaming e ver só quando não tiver nada para fazer. Se for ao cinema, você vai ficar POOHHH DA VIDA!!!!



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