DESACELERANDO NA CRIATIVIDADE
por Ricardo Corsetti
Provavelmente a mais longa - para não dizer infindável saga da história do cinema, ao lado de Star Wars (iniciada em 1977), a franquia Velozes Furiosos, cujos filmes anteriores foram também quase todos dirigidos pelo taiwanês Justin Lin (Star Trek: Sem Fronteira, 2016), chega agora ao nono episódio e, apesar dos evidentes sinais de esgotamento temático, não parece disposta a se encerrar tão cedo, visto que o 10º episódio da saga já está programado para acontecer no início do ano que vem.
Vin Diesel (Missão Babilônia, 2008) mais uma vez encarna o brucutu do volante Don Toretto ao lado de Michelle Rodriguez (Machete, 2010), sua velha parceira desde os primórdios desta saga sem fim. Os personagens em questão são carismáticos, embora apresentem atuações mecânicas, sempre desprovidas de um maior aprofundamento psicológico ou mesmo motivacional em suas ações e escolhas.
Mesmo para quem acompanha a saga/franquia desde o início (eu particularmente vi boa parte dos episódios anteriores), é um tanto quanto complicado encontrar conexões coerentes entre um filme e outro, chegando ao ponto de nos causar a sensação de que realmente não há mais o que se contar a respeito dos personagens remanescentes da trama original.
Eu, particularmente, não sou radical na defesa da absoluta necessidade de verossimilhança quando falamos de uma obra ficcional, no entanto, é fato que Velozes e Furiosos 9 abusa de nossa boa vontade enquanto espectadores, sobretudo naquele impagável (no mau sentido) momento em que apela até mesmo para a ficção científica, nos apresentando um carro convencional que entra em órbita no espaço sideral simplesmente por ter um pequeno foguete acoplado em seu capô. Obs: nem mesmo o alardeado (e nunca realmente lançado filme de Robert Rodriguez Machete Kills Again On Space abusaria tanto de nossa boa vontade (e inteligência) quanto isso.
Felizmente temos alguns poucos momentos de respiro neste rocambole de quase 2 horas e meia de duração, oferecidos pelas charmosas participações especiais de Helen Mirren (A Rainha, 2016), Charlize Theron (Monster - Desejo Assassino, 2003) e Kurt Russell (Os Aventureiros do Bairro Proibido, 1986). Mas isso ainda é muito pouco no sentido de tornar Velozes e Furiosos 9 minimamente aceitável enquanto filme.
Com certeza, a melhor cena ou momento da absurda trama é mesmo a divertida e ultra bem coreografada luta contra os vilões, comandada pela bela atriz nipônica Anna Sawai (Ninja Assassino, 2009).
Em resumo: duração exageradamente longa, trama rocambolesca e motivações rasas e previsíveis dos protagonistas realmente tornam uma aventura (não necessariamente no bom sentido) ver e sobreviver a Velozes e Furiosos 9. Obs: nos preparemos, então, para o "aguardado" 10º filme da saga que está por vir, Dio santo!
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