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É TUDO VERDADE: MLK/FBI





ERRADO DESDE O TÍTULO


por Beto Besant


Com os recentes episódios de racismo, como a morte de George Floyd (1973 - 2020) e o surgimento de movimentos como Black Lives Matter, filmes sobre conflitos raciais estão atualíssimos e especialmente oportunos. Aqui, lendária rivalidade entre o agente do FBI J. Edgar Hoover (1895 - 1972) e o pastor Martin Luther King (1929 - 1968) é o tema de mais um filme. MLK/FBI - dirigido pelo premiado Sam Pollard - retoma o assunto na tentativa de trazer à luz informações até então desconhecidas.


Em vez de utilizar as tradicionais talking heads (cabeças falantes), que é quando o filme alterna entre depoimentos convencionais, com os entrevistados fazendo o seu relato, às vezes inserindo imagens de arquivo. Aqui, o diretor opta por apenas colocar o áudio dos depoentes enquanto ilustra com imagens de filmes e de arquivo da época.


MLK/FBI se aprofunda no desenvolvimento de King, desde sua formação religiosa, filho de pastor, até tornar-se talvez o maior líder negro que os Estados Unidos já viram. Por outro lado, tenta esmiuçar os motivos que fizeram com que Hoover tivesse o pastor como uma espécie de rival a ser destruído. É curioso ver o quanto que King e seus amigos próximos eram monitorados pelo FBI, com grampos telefônicos e microfones escondidos. Um exemplo é que, sempre que King se hospedava num hotel, o quarto ao lado ou do andar de baixo era ocupado pelos agentes, que utilizavam os equipamentos mais modernos para a espionagem. Com tanta monitoração, a única coisa que o serviço secreto americano conseguiu encontrar que pudessem tentar usar contra o pastor foi o fato dele ter encontros sexuais fora do casamento.


Diferentemente de outros líderes do movimento negro, como Angela Davis e os Panteras Negras, Martin Luther King sempre foi um defensor ferrenho das manifestações pacíficas, o que torna ainda mais revoltante a perseguição que sofreu e a forma como foi assassinado. O filme termina falando de provas obtivas pelo FBI que só poderão ser reveladas em 2027 como sendo algo de extrema relevância. Porém, as impressão que fica é que não há nada mais por ser revelado que ainda tenha alguma relevância, de tanto que o assunto já foi remexido.



A história é importantíssima, o assunto muito interessante, o diretor bastante competente, porém MLK/FBI acaba incomodando pelo ritmo morno com que é conduzido. São muitas informações, muitas imagens e muitas falas que acabam por cansar o espectador. Aos poucos, vamos deixando de assimilar fatos tão interessantes por conta de um filme muito longo e uma montagem muito cadenciada.

Já é possível perceber, desde o título formado pelas iniciais do pastor e do serviço secreto, que é um filme que tende a não se comunicar com o público brasileiro. Provavelmente a história tenha enorme apelo com o público norte-americano - assim como as iniciais que formam o título -, porém, por aqui não há a mesma ligação, principalmente para as novas gerações. De qualquer forma, MLK/FBI é pré-selecionado para o Oscar 2021.


Assista ao filme no Festival É Tudo Verdade 2021 clicando AQUI.




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