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CRÔNICA DE UMA TRAGÉDIA MAIS QUE ANUNCIADA


por Antônio de Freitas


Muito já foi falado, filmado, gravado e fotografado sobre a situação terrível das fronteiras dos Estados Unidos com o México e as pessoas que tentam atravessar ou atravessaram e tentam levar uma vida normal no país que escolheram para morar. Mas precisa muito haver obras como esse documentário, onde se apresenta um extenso panorama sobre essas pessoas.

Trata-se de uma obra feita com um real interesse sobre o assunto e que mostra um detalhe que ninguém jamais pensou em relacionar com a fronteira entre os dois países. A fronteira se estende para dentro do país, mesmo após conseguir emigrar e se estabelecer nos EUA, o emigrante se vê circundado por outro muro feito de preconceitos das pessoas comuns e uma eterna desconfiança e vigilância por parte das autoridades.


Pamela Yates, uma produtora/diretora que produziu um filme classe A como Ferrari (Michael Mann, 2023) se dedica a produzir e dirigir documentários sobre as mazelas da América Latina - que já ganharam muitos prêmios pelo mundo -, se engaja ao ponto de participar do documentário em  cenas falando através de chamadas de vídeo com alguns dos personagens apresentados. Não só entrevistando como orientando e participando da aventura de alguns. Podemos ver que está firmemente engajada com movimentos de direitos humanos que visam ajudar milhares de pessoas que estão do lado de lá da fronteira, assim como aqueles que atravessaram e continuam lutando para conseguir a vida digna que tanto almejaram.


Somos apresentados a diversas pessoas reais que conseguiram captar e documentar seu sofrimento com as autoridades dos Estados Unidos, como de uma moça cujo marido foi deportado e, assim, precisa criar sozinha os filhos, e de dois irmãos Guatemaltecos que precisam fugir de seus países por serem perseguidos por máfias ligadas às multinacionais que exploram as jazidas de petróleo da região. Em paralelo, são apresentados os esforços de instituições mexicanas e norte-americanas para ajudar os emigrantes que enfrentam uma rotina diária de luta.


As vezes se armando com as técnicas do Melodrama, a diretora nos apresenta cenas emocionantes, como a de uma senhora que participa de uma equipe mexicana de resgate de pessoas que tentaram atravessar o deserto e topa com um esqueleto. Ao constatar ser de um homem, ela diz que tem a impressão de ser o seu irmão desaparecido quando tentava emigrar para os EUA e que vai tentar identificá-lo e fazer um enterro digno. Outra bela e tocante cena é de uma menina cujo pai foi deportado e o vê do outro lado da fronteira durante um protesto de uma instituição que cuida dos direitos humanos dos imigrantes.


Outras cenas que chegam a ser angustiantes são as da odisseia dos irmãos Guatemaltecos para conseguirem asilo político que, após registrarem com o celular sua viagem do país natal até a fronteira, registram cada passo no longo processo que são submetidos para serem aceitos.


É uma obra realmente sincera e repleta de boas intenções, que nos apresenta uma colagem de imagens e sons captados com as mais diversas técnicas, que formam um verdadeiro painel de um sofrimento que parece não ter fim.

Atualizado: 13 de abr.


PRINCIPAL FESTIVAL DE DOCUMENTÁRIOS DO PAÍS TEM SUA NOVA EDIÇÃO


por Ricardo Corsetti


No dia 20 de Março foi realizada, aqui em São Paulo, a Coletiva de Imprensa para apresentação da programação e eventos relacionados à 29ª Edição do Festival É Tudo Verdade.


Mediada pelo mentor e principal organizador do já clássico festival, Amir Labaki, a coletiva contou com a presença de convidados ilustres e, sobretudo, ligados ao setor cultural de nosso município.


Durante cerca de 40 minutos, o bate-papo sediado pela Fundação Itaú Cultural nos apresentou boa parte da programação do festival, que ocorre entre os 03 e 14/4, em espaços selecionados da capital paulista e carioca.


Com destaque para a retrospectiva/homenagem ao grande fotógrafo e documentarista Thomaz Farkas (1924 - 2011) e também para o inédito documentário nipo-britânico O Competidor (2023), dirigido por Clair Titley, que conta a inacreditável (embora real) história de um homem que, no Japão, viveu 15 meses, trancado num quarto, nu e faminto, sem saber que estava sendo diariamente filmado e que seu trágico dia a dia era exibido para milhares de expectadores num reality show da TV japonesa.


Após a coletiva, foi exibido o também inédito documentário O Cinema Por Dentro (2023), conduzido em grande parte, pelo renomado montador norte-americano Walter Murch (Apocalypse Now, 1979). Ótimo filme que aborda basicamente, de que forma foi construído o "olhar do espectador" de cinema ao longo da história da Sétima Arte.


De 03 a 14/04, na edição paulista do Festival (que também ocorre simultaneamente no Rio de Janeiro), serão exibidos estes e vários outros filmes documentais. Sempre gratuitamente.

 

Para maiores informações, basta acessar o site oficial do Festival: www.etudoverdade.com/2024

VIVENDO POR UM IDEAL


por Ricardo Corsetti


Não é segredo para ninguém que eu vivo dizendo não suportar mais filmes sobre a questão do Holocausto, sob o contexto da Segunda Guerra Mundial, etc; por acreditar que se trata de um assunto - embora extremamente relevante - já excessivamente explorado e, portanto, esgotado no que se refere à cinematografia mundial, não apenas norte-americana, vale frisar.


Por isso mesmo, impossível ir ao cinema, ao saber que mais um filme sobre o tema está sendo lançado, sem aquela sensação do tipo: já vi esse filme antes...

Dessa forma, o que realmente passou a contar atualmente, em meu julgamento a respeito de um novo filme com esta temática, obviamente, são as qualidades técnicas do filme, bem como o desempenho do elenco selecionado, por exemplo.


Nesse sentido, Uma Vida - A História de Nicholas Winton, apesar de seu absoluto formalismo em termos narrativos - ao menos do ponto de vista técnico -, se trata de um filme competente, com ótimo trabalho de reconstituição de época e atuações sempre marcantes e, sim, emocionantes.

Embora vendido como um filme estrelado pelo magnífico Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes, 1991), a verdade é que o veterano astro britânico aparece pouco tempo em cena. Mas, claro, cada segundo seu em cena é uma verdadeira aula de atuação.


Felizmente, o escalado para viver o abnegado Nicholas Winton jovem, em sua autêntica cruzada messiânica pela salvação de judeus poloneses (crianças, no caso) prestes a irem para o temido campo de concentração de Auschwitz, Johnny Flynn (Stardust, 2021) dá conta do recado com bastante competência.


Bem menos original e criativo do que Zona de Interesse (Jonathan Glazer, 2023), também lançado no Brasil pela Diamond Filmes, a propósito; "Uma Vida" tem como grande mérito, a força e carisma de seu protagonista, muito bem representado ao longo de quase toda uma vida pelos ótimos atores citados. Vale uma conferida, sem dúvida. 






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