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Atualizado: 28 de jan.

                   


O PARAÍSO É A TAMPA DE UMA CAIXA DE BOMBOM

por Antônio de Freitas


Nosso Lar: Os Mensageiros, faz parte de um acontecimento no cinema brasileiro que pode ser interpretado de duas maneiras. Primeiro como notícia boa, pois a existência de continuações demonstra que filmes brasileiros fizeram sucesso suficiente para justificar o lançamento de uma segunda história envolvendo a mesma ideia. Segundo como notícia ruim; pois, como acontece no cinema americano, continuações demonstram falta de criatividade que leva a reaproveitar as ideias que deram certo em um ciclo que parece estar dando sinais de esgotamento.


Nesse caso temos a continuação da saga dos personagens do livro do nosso mais famoso Médium Chico Xavier (1910-2002)  onde é apresentada a ideia de que existe uma cidade que paira entre a Terra dos Homens e a dos Espíritos, cujos habitantes têm a função de zelar pelos vivos e orientar os espíritos daqueles que morreram para que encontrem a paz e se desenvolvam para reencarnarem. Estes foram apresentados no primeiro filme de 2010 (uma superprodução, para os padrões brasileiros, que deu muito certo) e agora ganham uma nova tarefa: um grupo de 5 espíritos de luz precisa descer à Terra para resgatar o espírito de um poderoso médium que, após morrer, se perdeu na escuridão dominado pelo egoísmo e ganância.


A direção de Wagner de Assis (Nosso Lar, 2010) consegue manter a mesma atmosfera "New Age" do primeiro filme, mas continua com os mesmos erros. A missão de divulgar a ideologia espírita se sobrepõe à necessidade de contar uma história. Os diálogos são muito empostados na maior parte do tempo e ficam explicando demais o que estão fazendo, apesar da onipresença de um narrador. O chefe da turma é Aniceto, interpretado pelo sempre carismático Edson Celulari (Meu Cunhado é um Vampiro, 2023) que está com uma caracterização que lembra Marlon Brando (1924-2004) no filme Super Homem (Richard Donner, 1978) dos anos 70 e junto está o mais do que talentoso Fábio Lago (Cidade Invisível, 2023). Mas essa dupla de ótimos atores não consegue consertar as cenas onde a atuação dura de atores secundários e figurantes acaba estragando.


O roteiro é confuso com muitas tramas paralelas e um vai e vem no tempo. Acaba parecendo um aproveitamento da ideia da saga dos personagens de Guerra nas Estrelas (George Lucas, 1978) com um homem dotado de poderes que, apesar de ter sido orientado por um mestre do bem, se debanda para o lado negro enquanto outro segue o caminho oposto. Pode ser que sejam detalhes dos livros de Chico Xavier que foram escritos muito tempo antes, mas vão acabar sendo associados à tão famosa franquia. E as referências gringas não param por aí. A direção de arte extrapola o visual do primeiro filme para chegar a um “look” de comercial de amaciante para bebês para a cidade dos espíritos do bem. Obviamente inspirado no filme Amor Além da Vida (Vincent Ward, 1998) que, por sua vez, se inspirou no visual dos quadros de Caspar David Friederich (1774-1840), um pintor do romantismo que é extremamente importante como referência dos filmes europeus e americanos. O resultado, junto com o exibicionismo de efeitos visuais (que peca pelo excesso de pirotecnia), beira o kitsch e quebra - sem necessidades aparentes - o padrão do filme anterior.


Os motivos são muito nobres e a história/mensagem é muito edificante. Vale à pena por isso, apesar dos exageros, excesso de diálogos explicativos, música melosa, visual importado e cenas com atuações pouco naturais. Depois de assistir esse filme podemos concluir que o cinema brasileiro consegue também realizar uma produção grandiosa, mas precisamos achar, ao menos, uma linguagem visual que tenha mais ligações com nossa cultura e não ficar copiando a arte dos gringos que já nos impuseram um Jesus Cristo de olhos azuis.




JASON STATHAM ACIMA DA LEI

por Ricardo Corsetti


Costumo dizer que o ator britânico Jason Statham (Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, 1998) se tornou um autêntico especialista na arte de interpretar a si próprio (risos). Mas o fato é que a perfeição e inegável carisma com o qual o ex-nadador profissional empreende tal tarefa, surpreendentemente, ainda tornam prazerosa e divertida a experiência de continuar assistindo a seus novos trabalhos.


Em Beekeeper (longa no qual ele assina a produção geral, aliás), obviamente, isso não é diferente. Pois todas as marcas características de um filme estrelado por Jason Statham, ou seja, tiro, porrada e bomba, estão presentes, é claro. Mas em doses ainda maiores e tecnicamente, muito bem realizadas. O diferencial aqui, em relação a outros trabalhos mais recentes do astro, é ver tudo isso sendo amparado e conduzido por um bom roteiro, capaz de realmente emocionar e fazer com que o espectador (sobretudo quem já passou ou possui um parente, normalmente idoso, que já passou pela situação) se identifique com o drama vivido pela simpática senhora, uma espécie de "segunda mãe" do protagonista, inclusive, ludibriada por golpistas profissionais e sem qualquer escrúpulo. O que, sem dúvida, irá despertar a ira e desejo de vingança, por parte do experiente "apicultor".


David Ayer (Esquadrão Suicida, 2016) conduz a boa trama - e também as sequências de ação vertiginosas - com muita competência. Num filme que - graças à persona auto-suficiente do protagonista - chega a lembrar o clássico Nico - Acima da Lei (Andrew Davis, 1988), estrelado por outro brucutu famoso: Steven Seagal.


Um ótimo programa de férias, sem dúvida, é ver Beekeeper na tela do cinema e saborear a deliciosa "justiça com as próprias mãos" (em termos metafóricos) empreendida por este carismático e invencível "apicultor" (também em sentido metafórico).

Afinal, preservar e proteger a colméia ou até, se for o caso, substituir uma "abelha rainha" corrupta, está acima de qualquer outro dever.




FIDELIDADE ACIMA DE TUDO

por Ricardo Corsetti


É fato que posso até ser suspeito para avaliar um filme, em grande parte, protagonizado por cães. Visto que eu simplesmente adoro este ser, merecidamente conhecido como "o melhor amigo do homem".

Aliás, concordo plenamente com a afirmação feita pelo protagonista humano de Dogman, segundo o qual, "o único defeito que eles (os cães) possuem, é confiarem em humanos".


Dito isso, quanto ao filme propriamente dito, digamos que se trata de um bom retorno de Luc Besson (O Profissional, 1994) à direção pois, sem dúvida, o mais americano dentre os diretores franceses continua muito habilidoso no sentido de construir cenas envolvendo muita ação e - consequente, tensão - e o que é mais importante: sem esquecer do desenvolvimento dos personagens, tornando-os sempre muito humanos e carismáticos aos olhos do espectador.


Nesse sentido, é claro que o inegável talento de Caleb Landry Jones (Nitram, 2021), colabora muito para tornar seu traumatizado e injustiçado personagem num anti-herói para o qual é simplesmente impossível não torcermos o tempo todo.


Apesar da grande ausência de verossimilhança presente em várias cenas do filme (sobretudo as que envolvem os mencionados cães, amigos do protagonista), estamos aqui falando de cinema e não de vida real. Portanto, isso não chega a comprometer a qualidade do filme e, muito menos, sua eficiência em termos narrativos.


Dogman é um autêntico presente aos amantes deste ser divino chamado cachorro. E, apesar da violência contida em determinadas cenas, creio que pode ser visto e saboreado por crianças e pré-adolescentes nestas férias, até como forma de já se gerar uma muito bem-vinda empatia por parte desse público em relação aos animais e, consequentemente, o devido e merecido respeito a eles.



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