UMA TENTATIVA DE FILME DE HORROR
por Ricardo Corsetti
É fato que nos últimos anos, de repente, meio que se tornou moda - sobretudo no cinema norte-americano - a revalorização do gênero horror e, em particular, do subgênero conhecido como slasher, que se caracteriza por temas quase sempre relacionados ao universo jovem e doses generosas de sangue.
Nesse sentido, o recente Deep Web investe nessa tendência, cometendo mais erros do que acertos, citando algumas referências óbvias ao longo de sua trama, tais como: O Massacre da Serra Elétrica (Tobe Hooper, 1974) e, sobretudo, Jogos Mortais (James Wan, 2004).
A direção, a cargo do estreante em longa-metragem Dan Zachary, é competente, bem como a fotografia do filme. Porém, há problemas visíveis que comprometem o resultado final, tais como a má realização técnica das cenas de morte e violência. E, mais ainda, o que mais prejudica o êxito de Deep Web é mesmo a incompetência do elenco, a começar pelo protagonista que, involuntariamente, quase me fez rir nas cenas em que ele simulava choro, sem ser capaz de ao menos derramar uma única lágrima.
Há também, já próximo ao desfecho da trama, uma cena envolvendo um canivete e dois cadeados que, também involuntariamente, é hilária e absurda. Porém, ao menos nos faz rir quando, em tese, deveríamos estar tensos e horrorizados.
Válido enquanto experimento de um jovem diretor, Deep Web" porém, engrossa o caldo da imensa quantidade de produções equivocadas e recentemente lançadas que se propõem a "homenagear e resgatar" o slasher dos anos 80 e 90. Melhor sorte na próxima tentativa, Mr. Zachary.
CERIMÔNIA DE ABERTURA DO 35º KINOFORUM
por Antônio de Freitas
Na noite do dia 21 de agosto de 2024 foi realizada a cerimônia de abertura do 35º Festival Internaiconal de Curtas-metragens de São Paulo - Kinoforum, a maior mostra de curtas metragens de nosso país. Realizada no Cinesesc da Rua Augusta, a festa teve adesão em massa de todos aqueles que apreciam e os que fazem parte do universo de realizadores de curtas-metragens.
O cinema não teve poltronas suficientes para acomodar a multidão que presenciou uma apresentação capitaneada pela Mestre de Cerimônia Nayara de Deus, cujos pontos altos foram a passagem do cargo de Presidente da Associação Cultural Kinoforum para Patrícia Moran e uma série de homenagens agradecimentos à Diretora Executiva Zita Carvalhosa que é considerada uma das figuras mais importantes na realização deste evento, que já é parte importante do calendário cultural de São Paulo.
Para a satisfação de todos foi anunciada a expansão do alcance da mostra com a inclusão nos Programas Especiais de uma mostra focada na produção africana, outra na produção de animação feita por mulheres latino americanas, uma coletânea de curtas do cultuado diretor Win Wenders (Paris, Texas, 1984) que inclui um filme inédito, uma homenagem a Jonathan Glazer (Reencarnação, 2004) e um painel da geração pós-90 de Taiwan. Tem como ponto alto uma homenagem ao grande ator Paulo César Pereio (1940 - 2024). Além disso, um de curtas de temática infanto juvenil e outra dedicada ao terror e sobrenatural.
A conclusão é que estão apresentando produções para satisfazer a todos gostos. E a mostra estará em salas que cobrem uma grande parte da cidade com o programa Cinema na Comunidade. O interessado poderá entrar em contato com filmes de curta-metragem de países do mundo inteiro, saídos de uma rigorosa seleção após verem quase 3 mil produções. Uma oportunidade rara e completamente grátis. Para informações mais detalhadas, o endereço do site da mostra é https://2024.kinoforum.org/
UM CLÁSSICO MENOR
por Ricardo Corsetti
Relançado nos cinemas brasileiros, na última quinta-feira (15/08), o filme Revoada do cineasta sergipano José Umberto Dias (O Anjo Negro, 1972), originalmente lançado em 2008, nos faz relembrar um dos subgêneros mais típicos e recorrentes do cinema brasileiro: o filme de cangaço.
Infelizmente, porém, o filme não tem brilho e nem mesmo o ritmo necessário a um filme do subgênero em questão, para cativar o espectador.
Salvo a boa atuação do protagonista Lua Nova, vivido pelo experiente Jackson Costa (O Homem do Mar, 2006) e a presença da bela Analu Torres (Eu Me Lembro, 2005) vivendo a cangaceira Jurema, realmente pouca coisa se destaca ou é verdadeiramente digna de nota.
A trama confusa e mal desenvolvida, também não colabora para o êxito de Revoada. Além disso, o tom da maior parte das atuações coadjuvantes, é afetado e equivocado.
Por conta de tudo isso, talvez apenas o fator "redescoberta" do filme, rodado já há mais de uma década, possa atuar no sentido de despertar o interesse em vê-lo (ou revê-lo) por parte do público.