
RISO, PORRADA E DOÇURA
por Ricardo Corsetti
Filmes que tentam combinar comédia e ação, na maioria das vezes costumam errar a mão ao não saberem equilibrar os elementos de ambos os gêneros.
Mas, felizmente, esse não é o caso do recente Novocaine, pois o filme realmente consegue divertir - e muito - sem esquecer de equilibrar seus momentos de humor com ação desenfreada.

Boa parte do êxito de Novocaine, porém, também se deve ao carisma e talento de seus protagonistas: o "nepo baby" (filho de celebridades) Jack Quaid (Acompanhante Perfeita, 2025), filho de Dennis Quaid (A Fera do Rock e Meg Ryan (Cidade dos Anjos, 1998). O atrapalhado romance entre eles equilibra muito bem, tensão e doçura.
A propósito: sinceramente, eu adoraria "padecer" da mesma síndrome do protagonista, ou seja, ser absolutamente imune a dor, pois assim, finalmente, eu criaria coragem para fazer algumas tatuagens. (risos)
Ao contrário do que ocorre no também recente Argylle - Supersespião (Matthew Vaughn, 2024), onde a absoluta falta de noção por parte dos roteiristas, fez com que o exagero cômico e nonsense, comprometesse a ação do filme, aqui em Novocaine, para alegria do espectador, riso, doçura, ação frenética e sangue jorrando na tela estão em perfeito equilíbrio.

MÉXICO PARA ESTRANGEIROS
por Ricardo Corsetti
Baseado em tudo aquilo que eu já havia lido ou ouvido a respeito de Emilia Pérez, antes de fato ver o filme, talvez a melhor coisa que eu possa dizer sobre o filme é que ele é menos pavoroso do que eu esperava. O que não significa, necessariamente, que seja um grande filme. Longe disso, aliás.

A propósito, de onde a crítica "especializada" concluiu que o filme era digno de 13 indicações ao Oscar 2024, só mesmo Freud (ou o Rivotril) talvez possa explicar... (risos)
O ponto alto aqui, sem dúvida, são as atuações de Karla Sofia Gascon (Diga Sim, 2004) e, sobretudo, Zoe Saldana (Avatar, 2009). Inclusive, é fato que o filme é muito mais da personagem vivida por Saldana do que da própria protagonista "Emilia" (vivida por Gascon).
Já quanto à popstar Selena Gomez (Spring Breakers, 2012), vivendo sua primeira "vilã", o tom de sua atuação é um tanto exagerado. Sem dúvida, faltou a ela buscar o auxílio de um bom preparador de elenco.
Curiosamente, quando vi algumas sequências aleatórias do filme, previamente, me pareceu que seus números musicais eram mal coreografados. Impressão essa, porém, que se desfez no momento em que, finalmente, vi o filme em sua versão completa.

O diretor francês Jacques Audiard, autor, por exemplo, do ótimo O Profeta (2009), em sua primeira produção estrangeira, se mostra um tanto desengonçado, ao reproduzir um típico "México para turistas", ou seja, aquele típico misto de sensualidade à flor da pele, com muita violência e miséria, por outro lado.
Obs: e suas recentes desastrosas declarações a respeito do México, em entrevistas que tem dado à imprensa internacional a respeito do filme, só comprovam seu total desconhecimento a respeito do "México real".
Há, sim, sensibilidade na forma como se constrói e se apresenta a personagem vivida por Karla Sofia Gascon. Em alguns momentos a trama chega até a lembrar um Almodóvar dos velhos tempos (Matador, 1986, por exemplo), mas tudo ocorre de uma forma um tanto desengonçada. Deixando transparecer que, no fundo, Emilia Pérez é muito mais um produto que visa atender a uma demanda por pseudo "inclusão social" do que um filme realmente feito com honestidade de propósitos.
Em resumo, "Emilia Pérez": um fenômeno, a longo prazo, tão descartável quanto capa de chuva pós-verão.

PARAÍSO DOS NERDS
por Ricardo Corsetti
Visto que, obviamente, o filme em questão se destina, primordialmente, aos aficcionados pelo célebre jogo de videogame Sonic da geração SEGA e como eu, particularmente, perdi o interesse por jogos eletrônicos desde os tempos do ATARI, GEMINI, SUPER GAME CCE, etc - lá nos longínquos anos 80 e início dos 90 - é um tanto difícil para mim, ter empatia ou mesmo um real interesse por Sonic 3.

Dito isso, não por acaso, foi mais fácil para mim - espectador novato dos personagens apresentados - me indentificar com o vilão da trama, no caso, o angustiado e rebelde Shadow, dublado originalmente na versão em inglês por Keanu Reeves (Matrix, 1999).
Em termos técnicos, um filme realmente bem realizado em termos de direção e efeitos especiais. Ao contrário do que ocorre em outras produções norte-americanas recentes, nas quais o excesso e má qualidade dos efeitos em CGI (computação gráfica) são gritantes, comprometendo o resultado geral. Aqui, os efeitos me parecerem bem realizados e até verossimeis.
Mas, creio que a pergunta que realmente não quer calar em relação a Sonic 3, é mesmo: Qual teria sido o tamanho do cachê pago a Jim Carrey para que ele voltasse a viver o personagem Doutor Robotnik? Afinal, não era ele mesmo quem, até então, vinha se autodeclarando "aposentado"?

É, meus caros, realmente todo mundo tem seu preço (risos).
Em resumo, um filme para aficcionados, com bom ritmo narrativo, personagens relativamente bem construídos e carismáticos, mas, sem grandes novidades.
Minha menção honrosa ao vilão "boa praça", Shadow. Aliás, quanto mais se descobre aos poucos sobre seu passado, mais fácil será se identificar com ele. Fica a dica.









































