
De volta às telonas paulistanas, após três anos ocorrendo apenas no formato online, o 13º do Cinefantasy (o já tradicional festival paulista dedicado ao cinema fantástico), finalmente retorna em versão presencial.
De 07 a 12/06, 82 filmes nacionais e internacionais serão exibidos nas salas do Reserva Cultural, do recentemente reinaugurado Cine Satyros Bijou e também na Oficina Cultural Oswald de Andrade.
Entre os convidados dessa nova edição estarão os imprescindíveis Neville D'Almeida, Helena Ignez e Gilda Nomacce, além de mais 40 convidados (atores, atrizes e diretores) do Brasil e do mundo.
Não deixe de conferir e prestigiar este evento tão importante para a tão aguardada retomada das edições presenciais de cinema em nosso país, após quase três anos em que - verdadeiramente - fomos privados deste indescritível prazer devido à pandemia do COVID-19.
Prestigiar o cinema de qualidade, seja ele realizado aqui ou nas mais diversas partes do planeta, além de um dever em relação aqueles que trabalham com - ou simplesmente apreciam - a sétima arte é também, sem sombra de dúvidas, um prazer incomparável.
Para maiores detalhes sobre programação, horários, etc; acesse: www.cinefantasy.com.br

INFÂNCIA ROUBADA
por Ricardo Corsetti
Filmes que abordam um cotidiano permeado pela guerra quase sempre tem que driblar dois "perigos" básicos: o risco de pecarem pelo excesso de panfletarismo (pró ou anti-guerra) ou de caírem num excesso de sentimentalismo em relação aos envolvidos.

Felizmente, Líbano, 1982 não se excede em nenhuma destas questões, primando pela delicadeza ao retratar o universo infantil (e também adulto, é claro), tendo que aprender a viver sob um contexto de permanente tensão, visto que o risco iminente da guerra se aproxima a cada dia que passa.
A experiente Nadine Labaki, diretora dos ótimos Caramelo (2007) e Capharnaum (2019), exibe aqui talento também como atriz, ao co-protagonizar a trama ao lado do garotinho estreante Mohamad Dalli, vivendo o tímido, mas ao mesmo tempo corajoso, Wissam.
O diretor (também estreante) Qualid Mouaness, demonstra talento e sensibilidade na condução dessa história que combina, com equilíbrio, os dramas e dilemas pessoais vividos pelos personagens, com o panorama geral permeado pelo clima de constante tensão devido à iminente e inevitável invasão da capital libanesa - onde vivem - que se aproxima.

É interessante frisar que, ao contrário de outros já clássicos filmes ambientados sob o contexto de aparentemente eterna tensão bélica no Oriente Médio, assim como O Gosto da Cereja (Abbas Kiarostami, 1997) e Kedma (Amos Gitai, 2002), 1982, Líbano não se orienta por uma linguagem necessariamente autoral e com ritmo peculiar (difícil de ser assimilado pelo grande público), mas sim por uma trama simples e conduzida com o ritmo adequado ao gosto de plateias convencionais.
Portanto, Líbano, 1982 pode até não se inserir entre os grandes filmes que retratam o universo infantil, tais como Os Incompreendidos (François Truffaut, 1961) e Cria Cuervos (Carlos Saura, 1975), por exemplo. Mas, com certeza, tem tudo para agradar o público jovem contemporâneo.
Obs: destaque para a magnífica beleza de Nadine Labaki, que é mesmo de encher os olhos.
Atualizado: 1 de jul. de 2023

JÁ VEM PRONTO E TABELADO, É SOMENTE REQUENTAR...
por Ricardo Corsetti
O grande (pra não dizer único) trunfo de Jurassic World: Domínio é mesmo apostar no saudosismo do público quarentão para tentar atraí-lo aos cinemas para ver um filme que, na prática, não oferece - ou mesmo, acrescenta - nada de novo à saga empreendida pela franquia iniciada em 1993.

Nem mesmo o inegável carisma do elenco capitaneado por Sam Neill (Possessão, 1981), Laura Dern (Coração Selvagem, 1990) e Bryce Dallas Howard (A Vila, 2004) é verdadeiramente capaz de sustentar uma trama que vai do nada a lugar nenhum, se perdendo em meio a diversas pequenas subtramas paralelas e mal desenvolvidas.
Méritos técnicos à parte, nem mesmo os efeitos especiais caríssimos chegam de fato a empolgar, devido à overdose de CGI (computação gráfica).
Ah, impossível não comparar, e assim constatar, a eficiência bem superior dos efeitos especiais orgânicos utilizados por Steven Spielberg em Jurassic Park: Parque dos Dinossauros (1993), embora, hoje em dia, muita gente possa partir da tese (equivocada, aliás) de que tais efeitos seriam "obviamente superados".

A direção a cargo de Colin Trevorrow (O Livro de Henry, 2017) é competente, mas sem qualquer personalidade, falta "assinatura" de diretor. Por isso mesmo, apesar da qualidade técnica da produção, em determinados momentos, as duas horas e 37 minutos do filme pesam como chumbo.
Em suma, apesar de toda a grandiosidade e parafernália tecnológica, Jurassic World: Domínio, para não perder o trocadilho, soa mesmo como um imenso mastodonte atolado na lama (ou no excesso de confiança de que um filme pode se sustentar apenas por efeitos especiais). Resta, somente, o clima de saudosismo para os antigos fãs da franquia.









































