top of page
Postagens recentes


ree


MUITA POMPA E POUCA NOVIDADE



por Ricardo Corsetti


Filmes que abordam o cotidiano das classes abastadas e seu inevitável choque de costumes e "valores" em relação às classes populares na Inglaterra do início de meados do século XIX, não são novidade. Portanto, é preciso fazê-lo com criatividade e apontando algum diferencial.

ree

E, infelizmente, Downton Abbey II não se enquadra entre os filmes que retratam o período mencionado com brilhantismo e originalidade, assim como ocorre em algumas adaptações da obra da genial escritora britânica Jane Austen, como por exemplo: "Razão e Sensibilidade" (Ang Lee, 1996) e Orgulho e Preconceito (Joe Wright, 2005).


O diretor Simon Curtis (Meu Amigo Enzo, 2019) conduz a trama com razoável competência, mas não é capaz de torná-la realmente empolgante aos olhos de quem (assim como eu) não é necessariamente um aficcionado pelo tema envolvendo as intrigas típicas do universo aristocrático.


O grande destaque aqui, sem sombra de dúvida, vai para a presença de grandes atrizes: a britânica Maggie Smith (Morte Sobre o Nilo, 1978), a norte-americana Elizabeth McGovern (Era Uma Vez na América, 1984), antes reconhecida apenas pela beleza acima da média e hoje confirmando seu crescimento como atriz dramática e, claro, a veteraníssima atriz francesa Nathalie Baye, estrela de clássicos do cinema francês, como por exemplo: O Homem Que Amava As Mulheres (François Truffaut, 1977).


ree

Voltando a Downton Abbey II, o impecável trabalho de direção de arte também merece destaque - assim como a boa fotografia -, mas ainda é muito pouco para justificar uma sequência do primeiro filme Downton Abbey (mais enxuto) realizado, em 2019.





ree

CRUZANDO A LINHA TÊNUE QUE SEPARA O "FILME DENÚNCIA" DO DISCURSO POLÍTICO

por Ricardo Corsetti A festejada e incensada - por crítica e público - animação anglo-dinamarquesa "Flee", dirigida pelo estreante em longa-metragem Jonas Poher Rasmussen, embora tecnicamente muito bem realizada e com temática extremamente relevante nos dias atuais, marcados por conflitos bélico-políticos entre diversas nações, nem sempre consegue manter o distanciamento necessário, ao contar a história real do jovem Amin Nawabi.

ree

Com produção executiva assinada pelo astro britânico Riz Ahmed (O Som do Silêncio, 2019), Flee emociona ao descrever o quão difícil (ou até mesmo, quase impossível) era para o jovem afegão Amin assumir sua homossexualidade, a respeito da qual tinha consciência desde garoto, num país dominado pelo fundamentalismo islâmico do famigerado Talibã. O problema é que, ao construir esse retrato acerca da evidentemente difícil realidade enfrentada pelo protagonista, o diretor/roteirista acaba por "pesar a mão" na visão eurocêntrica de mundo. Em outras palavras, embora a jornada enfrentada por Amin para deixar seu país e conseguir entrar (ilegalmente) na Europa seja absolutamente real, há claramente um discurso no sentido de tratar o Afeganistão (bem como a Rússia, por onde o garoto também passou, rumo à Europa central) como uma "terra de bárbaros sanguinários", enquanto a Europa "desenvolvida" é, claramente, tratada como sendo - parodiando a velha expressão cristã - "o caminho, a verdade e a vida".


ree

Mas contradições e discursos ideológicos à parte, Flee chega mesmo a emocionar, ao nos apresentar a quase inacreditável jornada vivida pelo jovem rapaz e também por sua mãe e irmão mais velho, rumo à - digamos assim - "Terra Prometida" que, no caso aqui específico, seria a Suécia, mas, por acasos do destino, ao menos para o nosso protagonista desta história real, acabou sendo a Dinamarca.

ree

Destaque para os momentos (que funcionam como um ótimo "ponto de respiro" em meio a uma história tão pesada) em que o ainda pequeno Amin fantasia uma espécie de "flerte" com o astro belga - radicado nos EUA - Jean-Claude Van Damme, ao assistir filmes por ele estrelados logo quando chega à Europa, na casa de seu tio. Deslizes quanto à tendência a idealizar demais a velha Europa como um autêntico "paraíso perdido", a animação documental, no entanto, consegue em vários momentos cumprir bem seu evidente objetivo no sentido de nos sensibilizar quanto à necessidade de verdadeiramente construirmos um mundo em que as escolhas feitas por todo e qualquer indivíduo sejam plenamente respeitadas pela coletividade em que ele está inserido.





ree


REVISITANDO OS ANOS 80


por Ricardo Corsetti


Revisitar tanto a estética quanto as temáticas características dos 80 têm sido uma estratégia bastante utilizada, sobretudo pelo cinema norte-americano, nos últimos anos.

"Em Cidade Perdida", tanto a figura do herói viril - mas ao mesmo tempo canastrão - típica de vários filmes oitentistas, como por exemplo no involuntariamente hilário Flash Gordon (Mike Hodges, 1980), está presente na figura do personagem vivido por Channing Tatum (Magik Mike, 2012).

ree

A protagonista vivida por Sandra Bullock (Um Sonho Possível, 2009), por sua vez, equivale ao estereótipo da "mocinha" já descrente no amor verdadeiro e, por isso mesmo, já inserida na hipocrisia e pragmatismo do mundo contemporâneo, mas que no fundo ainda busca, de forma inconfessa, alguma possibilidade de se reconciliar com seu passado idealista.


Quanto ao filme propriamente dito, Cidade Perdida, por se tratar em grande parte de uma aventura em terras exóticas, faz uma clara menção ao clássico dos clássicos nesse segmento: a saga/franquia, Indiana Jones idealizada por Steven Spielberg e iniciada em 1981, por Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida.

Muito longe, porém, da eficiência e sem o fator inovação - característico da clássica franquia -, Cidade Perdida, dirigido pela dupla Aaron e Adam Nee (The Last Romantic, 2006), apenas diverte e pouco, ou nada, além disso.


ree

Destaque para a pequena, mas divertid,a participação especial de Brad Pitt (O Clube da Luta, 1999) como uma espécie de coaching de "sobrevivência na selva". Eis mais uma ótima sátira à figura do típico "herói viril e imbatível" dos anos 80.

A trilha sonora, recheada de clássicos do "metal farofa" (vertente mais comercial do heavy metal) representa outra deliciosa e clara referência ao universo oitentista.


Para quem busca entretenimento descompromissado e nada além da garantia de algumas boas risadas nesse feriadão de "Carnaval com Tiradentes", Cidade Perdida pode funcionar muito bem.




Search By Tags
  • Facebook Classic
  • Twitter Classic
  • Google Classic
Featured Posts
Follow Us

Também escreve esquetes de humor para internet (algumas no programa que também produziu chamado Dedo Indicador) e contos ainda não publicados. Atualmente está filmando dois curtas de sua autoria.  

 

Formado pela FACHA/RJ em Jornalismo e Publicidade & Propaganda. Fez aulas particulares com Jorge Duran (roteirista de Pixote e Lucio Flávio - Passageiro da Agonia). Fez a Oficina de Roteiro da Rio Filme e inúmeros cursos de roteiro com profissionais da área.

bottom of page