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DELICIOSO DELIVERY DE CINEMA FRANCÊS EM SÃO PAULO



por Ricardo Corsetti


Na última terça-feira (07/11) ocorreu em São Paulo a abertura oficial da mais recente edição do Festival Varilux de Cinema Francês, no Espaço Itaú Augusta (já clássico reduto dos cinéfilos paulistanos).


Conforme ocorre anualmente, o evento foi marcado pela presença de diversos convidados internacionais, dentre eles, boa parte dos diretores e atores responsáveis pelos filmes exibidos naquele dia.


Quatro longa-metragens foram exibidos simultaneamente ocupando, portanto, 4 salas do referido cinema. Dentre eles, tive o prazer de assistir, em primeira mão, a ótima comédia dramática intitulada Making Of, dirigida pelo experiente cineasta francês Cedric Kahn (Arrependimentos, 2009).


Em seu mais recente trabalho, o diretor/roteirista nos presenteia com a interessante e divertida história sobre um diretor que tenta - enfrentando praticamente todos os contratempos e adversidades possíveis numa típica produção cinematográfica - realizar seu sonhado filme a respeito de um grupo de operários que se rebela contra as péssimas condições de trabalho e baixa remuneração a ponto de tomarem, à força, o comando da fábrica onde trabalham.


No entanto, o idealista diretor enfrentará problemas como um ator (protagonista) "estrela" que o tempo todo tenta tomar o comando, ou seja, mandar mais do que o diretor em seu próprio filme. Além disso, suspensão de verba por parte dos produtores que, a todo custo, tentam mudar o final imaginado pelo autor em favor de um desfecho mais "otimista e comercialmente viável".


Ou seja, sobretudo para quem já passou pelo ato de tentar dirigir um filme, ou no mínimo possui qualquer familiaridade com o assunto, como não se identificar com as agruras vividas por este autêntico "operário da sétima arte?"


Após a exibição de Making Of e também dos demais filmes apresentados em outras salas do Espaço Itaú, foi servido um ótimo coquetel de confraternização a todos os convidados presentes. E, conforme ocorre todo o ano, o conjunto formado pela exibição de ótimos filmes, bem como excelente recepção a todos os presentes, foi mesmo impecável.


Obs: Making Of, bem como outros diversos títulos nesta edição do Festival que este ano, aliás, homenageia a diva suprema do cinema francês e mundial, Brigitte Bardot, até o dia 22 de novembro serão exibidos comercialmente nos melhores cinemas da cidade. Consulte a programação AQUI.


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CINEMA COM "C" MAIÚSCULO. AMÉM, SR. SCORSESE



por Ricardo Corsetti


Quem me conhece relativamente bem, sabe que eu sou suspeito para avaliar, com a devida "imparcialidade e isenção", um filme de Martin Scorsese (Taxi Driver, 1976). Ainda assim, garanto ser capaz de avaliar, com a devida justiça, os prós e contras deste filme que, para minha felicidade, possui muito mais pontos positivos do que negativos.

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Sinceramente, chego a dizer que, se não fosse pelas 3 horas e meia de duração de Assassinos da Rua das Flores, talvez eu até o situasse entre os melhores trabalhos do diretor, sério mesmo.


Há momentos desnecessários no filme? Provavelmente sim, mas lembremos que aqui estamos falando de um diretor com "D" maiúsculo, capaz de conduzir a narrativa com maestria, visto que a trama flui muito bem, praticamente nunca deixando o espectador cansado e desinteressado por seu desenrolar.


É fato que a qualidade do elenco, com destaque para Robert De Niro (Cabo do Medo, 1991), de volta à velha forma, vivendo o impagável e cinicamente divertido Reverendo Hale, contribui muito para o êxito da história. Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street, 2013), por sua vez, não chega a apresentar um desempenho propriamente brilhante como protagonista, mas dá conta do recado, satisfatoriamente, é claro. Brendan Fraser (A Baleia, 2022), apesar do pequeno papel como um advogado oportunista, rouba a cena durante os poucos minutos em que aparece na tela.


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Obs: ver que até mesmo meu adorado "São Scorsese" parece ter aderido à "nolanização" (menção a Christopher Nolan) vigente no cinema contemporâneo, onde parece ter virado regra que nenhuma grande produção hollywoodiana não possa ter menos do que 2 horas e meia de duração, me causa incômodo. No entanto, conforme mencionei, o domínio narrativo (sobretudo no que se refere ao ritmo do filme) característico do diretor ítalo-americano me faz encarar, com tranquilidade, a experiência imersiva de me mergulhar neste épico scorseseano.


Se comparado ao seu trabalho anterior - o belíssimo O Irlandês (2019) -, Assassinos da Lua das Flores, embora possua exatamente a mesma duração (3 horas e meia), se trata de um filme bem mais facilmente, digamos assim, "digerível" que seu antecessor.


Merece ainda total destaque, a temática envolvendo o genocídio disfarçado de "boas intenções", promovido contra os povos indígenas originários na América.



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UM FILME MENOR PARA UMA DEUSA SUPREMA



por Ricardo Corsetti


"A Tropicália foi um movimento majoritariamente masculino, embora sua principal e definitiva voz tenha sido Gal Costa". Assim falou Lô Politi (Sol, 2021), codiretora, durante a coletiva de imprensa pós-sessão de Meu Nome é Gal.

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Cinebiografia bem intencionada, porém um tanto decepcionante, sobre uma das incontestáveis maiores cantoras da história da música brasileira: Gal Costa. Um autêntico arquétipo da cultura brasileira, ao longo de ao menos três décadas, aliás. Por isso mesmo, com certeza, Gal merecia um filme melhor.


O primeiro problema, a meu ver, é a extremamente curta duração do filme: apenas 1 hora e 26 minutos de duração. Fato que, por um lado, caso fosse bem utilizado poderia ter atuado no sentido de gerar um filme "enxuto e objetivo". Mas, definitivamente não é isso que vemos aqui, mas sim, a clara sensação de incompletude.


Obviamente, é compreensível a opção por situar a história do filme/cinebiografia entre meados dos anos 60 e início dos anos 70, mais especificamente até 1972, época da gravação do ultra-clássico álbum "Gal Fatal - A Todo Vapor". É fato que aí se situa a "fase de ouro" da carreira de Gal, bem como do movimento tropicalista. No entanto, a aparente pressa em se contar e apresentar os fatos relacionados a esse período acaba por gerar essa já mencionada sensação de incompletude no que se refere a vida/carreira deste ícone supremo e longevo de nossa historiografia.


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Quanto ao elenco, Sophie Charlotte (O Rio do Desejo, 2023) está bem como protagonista, apresentando um desempenho satisfatório (mas longe de ser sublime), chegando a cantar de verdade (e até que bem) em algumas cenas. Merecem também destaque, a Dedé Gadelha (melhor amiga de Gal e futura primeira esposa de Caetano Veloso), vivida por Camila Márdila (Que Horas Ela Volta?, 2015) e sobretudo, o icônico Caetano Veloso, vivido por Rodrigo Lélis (Life S.A., 2018), talvez a melhor atuação do filme, diga-se de passagem.

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Mas, outra coisa que me incomodou foi a verdadeira enxurrada de merchandising gritando na tela do cinema em diversas sequências do filme, de Hering a Almanara, todo tipo de produto foi "vendido". Obs: sim, é claro que eu entendo a necessidade de se agradecer aos patrocinadores privados, mas, convenhamos, levantar verba pública para se produzir um filme sobre uma diva da cultura brasileira, tal como Gal Costa e, ainda por cima, com a garantia de se ter uma estrela global (Sophie Charlotte) como protagonista, é relativamente fácil. Portanto, sem dúvida, tais "agradecimentos" poderiam ter ocorrido de uma forma mais discreta e menos vexatória, não é mesmo?


A direção a cargo da veterana Lô Politi e também da estreante Dandara Ferreira, em termos gerais, é competente, apesar das já mencionadas derrapadas, sobretudo em termos narrativos. A fotografia é boa, bem como o competente trabalho de reconstituição de época da direção de arte. Mas ainda é pouco, muito pouco, dentro do esperado para uma cinebiografia à altura de Gal Costa. Que pena.



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Também escreve esquetes de humor para internet (algumas no programa que também produziu chamado Dedo Indicador) e contos ainda não publicados. Atualmente está filmando dois curtas de sua autoria.  

 

Formado pela FACHA/RJ em Jornalismo e Publicidade & Propaganda. Fez aulas particulares com Jorge Duran (roteirista de Pixote e Lucio Flávio - Passageiro da Agonia). Fez a Oficina de Roteiro da Rio Filme e inúmeros cursos de roteiro com profissionais da área.

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