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Atualizado: 23 de jun. de 2023


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UMA TENTATIVA DE FILME



por Ricardo Corsetti


Desde quando, em 2008, a dupla de diretores Glauber Filho e Joe Pimentel realizaram o longa-metragem Bezerra de Menezes, o mercado audiovisual brasileiro descobriu um novo filão de cinema de gênero: o filme espírita.

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E apenas dois anos depois, em 2010, o diretor/roteirista do recente Ninguém É Perfeito, Wagner de Assis, dirigiu Nosso Lar, outro grande pilar deste novo subgênero cinematográfico brasileiro.


No entanto, ao contrário do que ocorre em seu bem sucedido e competente filme espírita anterior, Assis erra feio a mão em seu mais recente trabalho.


Atuações equivocadas, mau desenvolvimento do roteiro adaptado da obra literária homônima de Zíbia Gasparetto (1926 - 2018) e até mesmo um estranho estilo de direção, caracterizado por planos (enquadramentos) estranhos e que não funcionam dramaturgicamente, marcam este filme, infelizmente, bastante equivocado.


E no que se refere às atuações, somente Carol Castro (Perigosa Obsessão, 2004) parece encontrar o tom adequado à sua personagem. Danton Mello (Superpai, 2015), por sua vez, apresenta um desempenho apenas mediano como protagonista. Já a bela Paloma Bernardi (Aldo - Mais Forte que o Mundo, 2016) nos oferece um show à parte, mas no mau sentido, pois a composição de sua vilã é involuntariamente hilária, graças ao tom extremamente over (exagerado) de sua atuação. Com certeza, nem mesmo uma típica vilã de novela mexicana televisiva seria capaz de bater a atuação de Bernardi, em termos de exagero cênico (risos).


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Outro erro primário - e típico do cinema de gênero made in Brazil - cometido em Ninguém É de Ninguém é tentar copiar a clássica cena dos fantasminhas que carregam os desencarnados do mal rumo às profundezas, claramente inspirada em Ghost - Do Outro Lado da Vida (Jerry Zucker, 1990). Detalhe: 33 anos após sua realização, quando revemos a produção norte-americana citada, tal cena (efeito especial) ainda funciona bem. O mesmo, porém, não se pode nem de longe se dizer a respeito da "réplica" tupiniquim.


É, ao que parece, pouco mais de uma década após sua criação, o filme/cinema espírita à brasileira começa mesmo a apresentar claros sinais de esgotamento.


Atualizado: 23 de jun. de 2023


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ARI ASTER APOSTANDO ALTO


por Ricardo Corsetti



Um dos principais nomes da tendência contemporânea do novo cinema de horror, intitulada com a ultra pretensiosa alcunha de "Pós Horror", Ari Aster, autor dos badalados Hereditário (2018) e Midsommar - O Mal Não Espera a Noite (2019), aposta em novos caminhos no recente Beau Tem Medo.

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Em primeiro lugar, ao contrário do que ocorre em seus trabalhos anteriores, é praticamente impossível rotular ou enquadrar o novo filme de Aster em qualquer gênero ou subgênero cinematográfico específico.


Repleto de referências jamais esperadas num filme de um diretor já vinculado/associado ao cinema de horror, tais como: Federico Fellini (1929 - 1993), mais especificamente Fellini Oito e Meio (1964) e David Lynch (Veludo Azul, 1986), o mais recente trabalho do badalado diretor é conduzido por meio de uma narrativa absolutamente não-linear, flertando com os mais diversos gêneros cinematográficos, com elementos que vão desde o drama familiar, passando por pitadas de horror e suspense. E ainda contando com momentos de humor bizarro (sobretudo no que se refere ao complicado relacionamento entre o protagonista e sua insuportável mãe), tem mesmo tudo para elevar a obra do diretor norte-americano a um novo patamar.


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Ao longo das três horas de duração de Beau Tem Medo, é óbvio que há certas situações e cenas absolutamente desnecessárias, mas, visto que definitivamente não estamos aqui falando de um filme convencional - com desenvolvimento de trama linear -, tais momentos não chegam a comprometer o bom resultado, principalmente pela beleza do filme em termos de fotografia e cenografia.


Obs: Dizem, inclusive, que Aster já possuía o roteiro pronto e desejava filmar Beau Tem Medo bem antes de seu segundo filme oficial Midsommar (2019), mas acabou mudando de ideia e, evidentemente, preferiu esperar até ter a "moral" e credibilidade necessária à apresentação e realização de um trabalho tão autoral como este, por intermédio de um grande estúdio e, claro, com a estrutura necessária.

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Dentre as muitas referências a obras de grandes cineastas, tais como os já citados, é possível também identificar semelhanças estéticas e em termos de, digamos assim, clima soturno e de sexualidade latente, como o último filme do grande e saudoso Stanley Kubrick: De Olhos Bem Fechados (1999).


O consagrado ator Joaquim Phoenix (Coringa, 2019) dispensa maiores comentários quanto à qualidade de sua atuação como protagonista. Mas, justiça seja feita, todo o elenco de Beau Tem Medo apresenta ótimos desempenhos pois, apesar do tom de algumas atuações parecer afetado em demasia, fica evidente que isso é intencional, em se tratando de uma clara opção em termos de direção de atores. E por isso mesmo, tudo funciona perfeitamente nesse sentido.


É, meus caros ególatras, Christopher Nolan (A Origem, 2010) e Darren Aronofsky (A Baleia, 2023), parece que vocês finalmente encontraram um concorrente à altura, em termos de egocentrismo. Mas ok, Aster parece ter mesmo talento para segurar a onda.





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A VOLTA DOS DOCUMENTÁRIOS EM TELA GRANDE


por Beto Besant


Começou na capital paulista e carioca o maior evento de documentários do país, o É TUDO VERDADE - Festival Internacional de Documentários.


Na coletiva de imprensa - encabeçada por seu idealizador Amir Labaki - que aconteceu no Itaú Cultural da Avenida Paulista (São Paulo), estavam presentes Eduardo Saron (Itaú Cultural), Paulo Casari (Cinesesc) e Márcia Scapatício (SPcine). O diretor-fundador falou sobre a felicidade que é poder voltar a realizar o evento em edições presenciais.


O evento, que acontece de 13 a 23 de abril em seis salas em São Paulo e três no Rio de Janeiro, traz 72 filmes - entre curtas, médias e longas-metragens - de 34 países, todos com sessões gratuitas. Também acontecerão conferências, debates e sessões de streaming para quem estiver em outras regiões.


As sessões presenciais acontecerão em São Paulo no Cine Marquise, Cinemateca Brasileira, Sesc 24 de Maio, Instituto Moreira Salles e Centro Cultural São Paulo. No Rio de Janeiro acontecem no Estação Net Rio e Estação Net Botafogo.


No dia 22 acontecerá a Cerimônia de Premiação na Cinemateca Brasileira, na capital paulista. Os filmes premiados, independente de minutagem, estarão aptos à apreciação do Oscar. produções premiadas pelo júri oficial terão reapresentações especiais no Rio de Janeiro e São Paulo no dia 23 de Abril.


A 28ª edição do evento faz uma homenagem a Humberto Mauro (1897 - 1983) e a Jean-Luc Godard (1930 - 2022). Do brasileiro, serão exibidos dez filmes, além de dois documentários sobre sua obra. Do francês serão exibidos oito episódios da série Histórias do Cinema (1987 - 1998).


No streaming - que acontecerá no Itaú Cultural Play - serão exibidos dois filmes latino-americanos: Beleza Silenciosa (de Jasmin Mara López) e Hot Club de Montevidéu (de Maximiliano Contenti) e também sete dentre os curtas-metragens brasileiros em competição.


A coletiva de imprensa terminou com a exibição do filme Liberdade em Chamas, de Evgeny Afineevsky, que aborda a guerra na Ucrânia. Extremamente duro, o filme mostra como é difícil a vida de uma população refém de governantes que os obrigam a lutar - de todas as formas - e abrir mão de seus maridos, pais e filhos para a guerra, sem contar nas inúmeras pessoas mortas ou feridas. A obra nos coloca muito próximos da crueldade que essas pessoas vivem que, por mais que saibamos que nenhuma guerra é fácil, não temos tanta noção da dura realidade que essas pessoas estão vivendo atualmente. E pra piorar, os governantes responsáveis pela guerra e seus próximos estão muito longe do front.

A primeira versão do filme foi lançada no Festival de Veneza 2022, diante do não término da guerra, o cineasta fez uma atualização dos fatos e apresenta-a em primeira mão no Brasil.


Veja a programação completa em: www.etudoverdade.com.br



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Também escreve esquetes de humor para internet (algumas no programa que também produziu chamado Dedo Indicador) e contos ainda não publicados. Atualmente está filmando dois curtas de sua autoria.  

 

Formado pela FACHA/RJ em Jornalismo e Publicidade & Propaganda. Fez aulas particulares com Jorge Duran (roteirista de Pixote e Lucio Flávio - Passageiro da Agonia). Fez a Oficina de Roteiro da Rio Filme e inúmeros cursos de roteiro com profissionais da área.

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