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FAZENDO JUS AO LEGADO DE WES CRAVEN


por Ricardo Corsetti


Garota ao telefone, conversando com o assassino: "Peraí, me faça perguntas sobre filmes que eu conheço, como: 'Hereditário' ou 'A Bruxa', por exemplo". Garota explicando aos amigos, quais são as regras para de fazer um bom remake ou continuação: "Não se pode reiniciar uma franquia de sucesso, a partir do nada. É preciso respeitar a trama e os personagens originais. 'Brinquedo Assassino', "Halloween', etc; todos aqueles que não respeitaram essa premissa, se deram mal".

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Eis apenas alguns exemplos dos diálogos afiados e espirituosos que permeiam Pânico (assim mesmo, sem qualquer indicação de que se trata do quinto filme e portanto, até nisso fazendo piada consigo próprio). As alfinetadas em relação aos badalados filmes do chamado "Post Horror" citados no primeiro parágrafo, bem como a direta menção aos "slashers limpinhos" (com pouco sangue e assexuados) hoje produzidos em Hollywood, deixam claro que a dupla de jovens diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillet (também responsáveis pelo divertido "Casamento Sangrento", 2019), entende mesmo do riscado e está disposta a se orientar pelo humor inteligente e metalinguístico que sempre caracterizou a franquia, idealizada pelo saudoso Wes Craven (1939 - 2015).

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Portanto, graças ao inegável talento dos jovens diretores, vemos nesta reencarnação de "Pânico" um filme bem satisfatório, sobretudo para os velhos fãs da franquia, dentre os quais me incluo e que - assim como eu - muito provavelmente também estavam preparados para verem uma bomba atômica (no mau sentido), mas, felizmente - assim como eu - se surpreenderão com o ótimo resultado.

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O jovem elenco principal é também um dos pontos altos do filme, com destaque para a bela e ótima Melissa Barrera ("Um Bairro Em Nova Iorque", 2021) vivendo a protagonista Sam Carpenter, clara menção ao célebre diretor John Carpenter (Eles Vivem, 1988) e mais uma prova, portanto, de que os diretores são, de fato, bons conhecedores do gênero horror e, sobretudo, do subgênero slasher.


Destaque também para ótima Mikey Madison (Era Uma Vez em Hollywood, 2019) vivendo a insana Amber Freeman.


Obviamente, os principais personagens (sobreviventes, aliás) da franquia original, não poderiam deixar de fazerem especialíssimas participações: Sidney Prescott (Neve Campbell), Gale Weathers (Courtney Cox) e Dewey Rilley (David Arquette), todos presentes no elenco da célebre franquia desde o primeiro filme, rodado em 1996.


Sangria e senso de humor na medida certa, quanto a isso, os velhos fãs de "Pânico" podem ficar tranquilos, pois tais ingredientes fundamentais a um bom slasher, sem dúvida, não faltam neste novo filme.


O grande e saudoso Wes Craven pode descansar em paz, pois seu legado ainda está a salvo e em boas mãos.





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VERHOEVEN: UM PROVOCADOR NATO


por Ricardo Corsetti


Desde a época em que iniciou sua carreira como diretor e roteirista com o impagável Negócios À Parte (1972), o holandês Paul Verhoeven já manifestava sua vocação para ser um provocador nato, graças à sátira corrosiva e sempre muito bem humorada aos valores típicos da sociedade pequeno-burguesa e também norte-americana.

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Em seu mais recente trabalho, o ultra-polêmico Benedetta, não poderia ser diferente. A trama baseada na "história verídica" da jovem freira que dá nome ao filme tem doses cavalares de ironia e clara crítica em relação à hipocrisia, avareza, politicagem e sadismo (sim, sadismo) que sempre caracterizaram os bastidores da Igreja Católica, sendo, portanto, feita sob encomenda para escandalizar os mais convictos e sensíveis entusiastas do catolicismo (ou até do cristianismo em geral). Só para citar uma pequena amostra do que os espectadores do filme devem aguardar, basta dizer que a jovem freira, entre outros hábitos pouco usuais para uma noviça, possui uma pequena imagem de madeira da Virgem Maria, à qual utiliza para se masturbar.


Levando-se em conta que Paul Verhoeven teve o início de sua carreira - ainda na Holanda - fortemente influenciada pelo trash/exploitation, não causa surpresa aos seus autênticos fãs e conhecedores de sua obra, as claras referências ao subgênero setentista nunexploitation (caracterizado pela presença de, digamos assim, freiras endiabradas) como, por exemplo, o clássico Malabimba (Andrea Bianchi, 1979). Mas é preciso frisar que Benedetta vai muito além do "entretenimento profano" que normalmente veríamos num típico filme de "nunexploitation", pois possui um roteiro bem acima da média e produção caprichadíssima em termos de fotografia e direção de arte (cenografia e figurinos), além do ótimo elenco, é claro.


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E por falar no inspiradíssimo elenco, destaque para a protagonista vivida com muita competência por Virginie Efira (Police, 2020), confirmando ser uma das melhores atrizes do cinema francês contemporâneo. A veterana atriz britânica Charlotte Rampling (Sob a Areia, 2000) também está ótima, como sempre, encarnando a gélida e cruel Madre Superiora do convento para onde Benedetta é enviada ainda criança. E, claro, não menos importante para o êxito da trama, é também fundamental a presença do experiente ator francês Lambert Wilson (Homens e Deuses, 2010) vivendo o devasso "núncio".

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Paul Verhoeven já teve seus dias de glória em Hollywood na fase mais comercial de sua carreira, época em que dirigiu os clássicos absolutos Robocop (1987), O Vingador do Futuro (1990) e Instinto Selvagem (1992). Mas, graças à progressiva invasão da ditadura do politicamente correto e posterior consagração do "Lacration's World" contemporâneo, era evidente não haver mais espaço para um cineasta tão anti-convencional e provocativo no universo do cinema mainstream (destinado ao grande público), por excelência, que é o mercado norte-americano.


Por isso mesmo, nos últimos anos o diretor tem encontrado na França (berço do cinema de autor) um campo relativamente "livre" para continuar se dedicando a seus temas destruidores das grandes instituições, assim como ocorre em Benedetta.


Em suma, se prepare para ver uma deliciosa sátira a uma das mais tradicionais instituições ocidentais (a Igreja Católica), mas só um conselho: procure não levar sua mãe católica ou seu primo coroinha junto ao cinema para ver Benedetta (risos).





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SOB ENCOMENDA PARA AS FÉRIAS ESCOLARES


por Ricardo Corsetti


Com base no sucesso de Sing - Quem Canta Seus Males Espanta (Garth Jennings, 2016), a gigante Universal, obviamente, não perdeu tempo no sentido de aproveitar o período das tão aguardadas férias escolares em diversos lugares do mundo para lançar esta boa sequência da divertida animação protagonizada pelos simpáticos animais cantores.

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O carismático e empreendedor - mas também ambicioso - coala Buster Moon, originalmente dublado por Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas, 2013), continua a ser o fio condutor da divertida trama, que basicamente consiste em conduzir um novo grupo de jovens talentos ao estrelato em Redshore, uma espécie de Las Vegas fictícia.


Mas, para tanto, o empresário artístico Buster Moon precisa de apoiadores e patrocinadores. E logo irá se dar conta de que no mundo do showbusiness apenas talento não basta, é preciso também uma forcinha de estrelas já consagradas. Por isso, o intrépido coala e sua nova trupe de artistas não medirão esforços para conseguirem convencer o agora recluso ex-astro da música Clay Calloway (originalmente dublado por Bono Vox, vocalista da banda U2) a ajudá-los nessa empreitada.

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Daí em diante, a clássica trama envolvendo recomeço, superação de mágoas e corações partidos, etc; se desenrola para a satisfação do público infanto-juvenil e, por que não, também adulto, visto que aqui se abordam os dilemas cotidianos que nos acompanharão ao longo de toda a nossa vida, não é mesmo?

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Muito bem realizado do ponto de vista técnico, graças à experiência do diretor/roteirista Garth Jennings, "Sing 2", embora sem apresentar grandes novidades em termos narrativos ou temáticos, cumpre bem sua função enquanto entretenimento leve e descompromissado.


O simpático filme tem, portanto, boas chances de repetir o sucesso de Sing - Quem Canta Seus Males Espanta e se tornar um dos grandes hits dessas férias escolares.





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Também escreve esquetes de humor para internet (algumas no programa que também produziu chamado Dedo Indicador) e contos ainda não publicados. Atualmente está filmando dois curtas de sua autoria.  

 

Formado pela FACHA/RJ em Jornalismo e Publicidade & Propaganda. Fez aulas particulares com Jorge Duran (roteirista de Pixote e Lucio Flávio - Passageiro da Agonia). Fez a Oficina de Roteiro da Rio Filme e inúmeros cursos de roteiro com profissionais da área.

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