Atualizado: 13 de abr. de 2024
PRINCIPAL FESTIVAL DE DOCUMENTÁRIOS DO PAÍS TEM SUA NOVA EDIÇÃO
por Ricardo Corsetti
No dia 20 de Março foi realizada, aqui em São Paulo, a Coletiva de Imprensa para apresentação da programação e eventos relacionados à 29ª Edição do Festival É Tudo Verdade.
Mediada pelo mentor e principal organizador do já clássico festival, Amir Labaki, a coletiva contou com a presença de convidados ilustres e, sobretudo, ligados ao setor cultural de nosso município.
Durante cerca de 40 minutos, o bate-papo sediado pela Fundação Itaú Cultural nos apresentou boa parte da programação do festival, que ocorre entre os 03 e 14/4, em espaços selecionados da capital paulista e carioca.
Com destaque para a retrospectiva/homenagem ao grande fotógrafo e documentarista Thomaz Farkas (1924 - 2011) e também para o inédito documentário nipo-britânico O Competidor (2023), dirigido por Clair Titley, que conta a inacreditável (embora real) história de um homem que, no Japão, viveu 15 meses, trancado num quarto, nu e faminto, sem saber que estava sendo diariamente filmado e que seu trágico dia a dia era exibido para milhares de expectadores num reality show da TV japonesa.
Após a coletiva, foi exibido o também inédito documentário O Cinema Por Dentro (2023), conduzido em grande parte, pelo renomado montador norte-americano Walter Murch (Apocalypse Now, 1979). Ótimo filme que aborda basicamente, de que forma foi construído o "olhar do espectador" de cinema ao longo da história da Sétima Arte.
De 03 a 14/04, na edição paulista do Festival (que também ocorre simultaneamente no Rio de Janeiro), serão exibidos estes e vários outros filmes documentais. Sempre gratuitamente.
Para maiores informações, basta acessar o site oficial do Festival: www.etudoverdade.com/2024
VIVENDO POR UM IDEAL
por Ricardo Corsetti
Não é segredo para ninguém que eu vivo dizendo não suportar mais filmes sobre a questão do Holocausto, sob o contexto da Segunda Guerra Mundial, etc; por acreditar que se trata de um assunto - embora extremamente relevante - já excessivamente explorado e, portanto, esgotado no que se refere à cinematografia mundial, não apenas norte-americana, vale frisar.
Por isso mesmo, impossível ir ao cinema, ao saber que mais um filme sobre o tema está sendo lançado, sem aquela sensação do tipo: já vi esse filme antes...
Dessa forma, o que realmente passou a contar atualmente, em meu julgamento a respeito de um novo filme com esta temática, obviamente, são as qualidades técnicas do filme, bem como o desempenho do elenco selecionado, por exemplo.
Nesse sentido, Uma Vida - A História de Nicholas Winton, apesar de seu absoluto formalismo em termos narrativos - ao menos do ponto de vista técnico -, se trata de um filme competente, com ótimo trabalho de reconstituição de época e atuações sempre marcantes e, sim, emocionantes.
Embora vendido como um filme estrelado pelo magnífico Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes, 1991), a verdade é que o veterano astro britânico aparece pouco tempo em cena. Mas, claro, cada segundo seu em cena é uma verdadeira aula de atuação.
Felizmente, o escalado para viver o abnegado Nicholas Winton jovem, em sua autêntica cruzada messiânica pela salvação de judeus poloneses (crianças, no caso) prestes a irem para o temido campo de concentração de Auschwitz, Johnny Flynn (Stardust, 2021) dá conta do recado com bastante competência.
Bem menos original e criativo do que Zona de Interesse (Jonathan Glazer, 2023), também lançado no Brasil pela Diamond Filmes, a propósito; "Uma Vida" tem como grande mérito, a força e carisma de seu protagonista, muito bem representado ao longo de quase toda uma vida pelos ótimos atores citados. Vale uma conferida, sem dúvida.
AVENTURA COLORIDA
por Marcelo Rommer
Empirion: Uma Aventura com Einstein (Michael Ruman, 2024) é uma comédia de aventura situada em uma espécie de realidade alternativa onde uma empresa mantém congelados uma série de cientistas importantes do passado e, no início, revive Einstein interpretado pelo ótimo ator Norival Rizzo (TPM! Meu Amor, 2023) para transformá-lo em garoto propaganda celebridade de uma série de produtos. Ao mesmo tempo, Davi Campolongo (Poliana Moça, 2023) na pele de Félix, aquele garoto geniozinho típico de aventuras infantis, tenta desenvolver seu projeto de uma espécie de capacete que fortalece as ondas cerebrais enquanto tem problemas na escola de alta classe onde estuda como bolsista no meio dos adolescentes ricos. Entre eles está a patricinha malvada Maria - interpretada por Pietra Quintela (Poliana Moça, 2023) - que tem uma rixa acirrada com ele.
Precisando de ajuda para terminar seu projeto, Felix descobre que Einstein está hospedado no sofisticado Hotel Andor, onde sua mãe trabalha como arrumadeira, e decide ter um encontro com o cientista. A partir daí começa a aventura com Félix e seus dois amigos tentando entrar no hotel usando as mais diversas artimanhas em situações em ritmo de desenho animado, com muita correria e confusão nas dependências do hotel, onde os adolescentes são perseguidos pelos seguranças do hotel capitaneados pelo gerente Fausto, na ótima presença de André Abujamra (8 Presidentes 1 Juramento, 2023) e sua filha Maria que, junto com o pai, quer roubar a ideia do moleque.
O ritmo é frenético, acompanhando a ideia de desenho animado, que podemos notar pela Direção de Arte com ambientes monocromáticos no hotel que é apresentado de forma estilizada, ao contrário do mundo exterior que é feito de forma realista/naturalista. Pena que se possa apenas ver de relance por causa do ritmo - às vezes, acelerado demais - da ação, com excesso de planos médios e closes da direção. O número exagerado de cortes e inserção de ceninhas - que parecem delírios - também prejudica a compreensão da história e das situações apresentadas.
A ideia é simples e muito boa, lembrando as chanchadas da década de 50 onde centravam a história em um hotel e seus personagens característicos com muita confusão acontecendo, assim como os desenhos animados antigos, com um personagem lutando sempre para conseguir entrar em um lugar ou pegar algum objeto.
O elenco é carismático e cheio de personalidade, com destaque para os já citados Norival Rizzo e André Abujamra. A direção e montagem são meio confusas, com situações mal explicadas como a da irmã de Félix, pessimamente interpretada pela atriz mirim que, às vezes, parece estar apenas entediada ou emburrada, em um papel que deveria ser de uma menina com problemas mentais ou algo parecido (não se consegue entender o que ela tem). E ainda tem cenas que levam a audiência a achar que ela tem poderes sobrenaturais sem a mínima necessidade.
Apesar desses tropeços, é um filme que tem todas as chances de agradar ao público infantil, que vai se divertir com as situações de correria e piadas aqui e ali.

















































