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SESSÃO DA TARDE COM HIT DE FÁBIO JR.


por Vicente Vianna


Longa-metragem feito em 2020, mas por causa da pandemia teve seu lançamento adiado, tendo mais sentido fazê-lo agora, pois o público está ávido para sair de casa e voltar a rir no cinema.

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Cacau Protásio (Os Farofeiros, 2017), Rodrigo Sant’Anna (Um Suburbano Sortudo, 2016), André Mattos (Veneza, 2018) e Evelyn Castro (Cabras da Peste, 2021) são atores que tem o humor na veia (vindos de programas de humor de sucesso tanto na TV como quanto na Internet) e também com uma diretora experiente neste ramo, não tem como a gente não se divertir assistindo A Sogra Perfeita.


O filme ainda conta com os atores, novatos em comédia, Luis Navarro e Poliana Aleixo (como o casal filho e nora de Neide, Cacau Protásio) que estão muito bem no papel como a jovem bonita do interior e o filho Nerd que não sai da casa da mãe.


Aliás, o Brasil é conhecido no mundo como o país onde os jovens esticam ao máximo a permanência na residência dos pais. E a pandemia estimulou ainda mais esse fenômeno, apelidado de “geração canguru”.


Este é o tema central da história, porém, o roteiro - escrito por Bia Crespo, Flávia Guimarães, Laura Malin e Daniele Valente - optou por uma fórmula de comédias românticas norte-americanas estilo “Sessão da Tarde”. Com direito a clipe de música com os personagens experimentando roupas à la Júlia Robert em Uma Linda Mulher (Garry Marshall, 1990) e com essência da comédia A Megera Domada (William Shakespeare, 1564 – 1616) de preparar uma pessoa para outra.


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No humor é comum o arco do personagem não mudar ou mudar muito pouco, como acontece aqui em A Sogra Perfeita, que conta com personagens estereotipados: o filho nerd, a amiga esperta, o português da padaria, a vizinha fofoqueira, o mecânico romântico, a menina bela do interior, o gay do salão de cabeleireiro, a mãe que não só quer encaminhar os filhos como também viver a vida.

O arco da história do filme é um clichê das comédias românticas. O encontro forçado, a separação e depois a corrida pela união junto com o final feliz. Final esse com direito a hit e presença do cantor/ator Fábio Júnior.


Não tem como não lembrar da Dona Hermínia, a mãe interpretada pelo ator Paulo Gustavo (1978-2021) no teatro e nos filmes: Minha mãe é uma peça.1,2,3 (de 2013 a 2019), na Dona Neide da Cacau. Até porque os dois atores trabalharam juntos na TV no programa, Vai que Cola (Multishow, 2013). Esse paralelo entre as duas mães também se estende no formato do filme que já nasceu para se tornar franquia. Não ficaria surpreso se tiver "A Sogra Perfeita 2,3.." também. O público espera por isso, devido ao histórico de filmes do gênero, o que é bom para todo o mercado audiovisual.

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Todo filme tem uma “forçação de barra” que aceitamos pela magia do cinema como, por exemplo, na animação da Pixar Up - Altas Aventuras (Pete Docter e Bob Peterson, 2009) vemos o despertar da paixão do casal. Carl vendedor de balões com a esposa Ellie, sua cumplicidade representada nos afazeres do lar, cortando lenha para lareira e não questionamos esse trabalho que requer um preparo físico danado, não é muito natural, mas passa. Já no final de A Sogra Perfeita, Neide resolve juntar todo o elenco, atores e figurantes num coral em frente à janela do quarto da casa do pai do seu filho, onde ele se refugiou. Como se todo mundo ali estivesse à disposição, sem compromisso com nada. O dono da padaria pode largar a padaria, todo mundo pode deixar tudo que está fazendo para ver a reconciliação do filho da amiga/conhecida do bairro. Também o motivo da briga do casal é exagerado, parece que a personagem da Poliana Aleixo fez um crime ou uma traição danada. E a desconfiança da Dona Neide com sua pupila poderia ser resolvida em um segundo, era só perguntar para o ex-marido apaixonado o que estavam tramando e, diante da sua negação, era só associar com a data do seu aniversário chegando, uma possível festa surpresa.

A presença também do cantor Fábio Junior, cai de pára-quedas na trama com um telefonema para uma amiga produtora musical, que sabemos que, na vida real, precisa agendar com antecedência a visita do cantor, mas Neide consegue no momento que ela quer.


E, para justificar e colocar na cabeça do público o título da franquia, a protagonista fala no final que é a sogra perfeita, e nos dá um alento no buraco no peito que ficamos com a partida precoce da Dona Hermínia do Paulo Gustavo.

A vida e o cinema também continuam sendo a opção de uma diversão leve como o filme A Sogra Perfeita. Que venha mais por aí.







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BELÍSSIMA EMBALAGEM PARA CONTEÚDO APENAS RAZOÁVEL

por Ricardo Corsetti

Típico filme ao qual você assiste e não sabe dizer, de imediato, se gostou ou não. Eis o caso de Noite Passada em Soho, filme deslumbrante, ao menos no que se refere à caprichadíssima concepção estética em termos de fotografia e direção de arte, mas confuso e ao mesmo tempo contraditoriamente previsível em termos de trama.


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O que se inicia com um aparentemente singelo drama contemporâneo com referências sessentista e flerte com o gênero musical, inesperadamente acaba evoluindo para um quase terror. Até aí, nenhum problema, pois eu particularmente amo o gênero terror. No entanto, tal transição entre gêneros, aqui não me parece natural. E é realizada de forma confusa e até um tanto atrapalhada, deixando o espectador confuso a respeito de qual seria, afinal de contas, a real história aqui a ser contada.


A jovem protagonista Ellie, vivida pela graciosa Thomasin McKenzie (Tempo, 2021), bem como sua antagonista/alter-ego Sandy, vivida pela igualmente graciosa e talentosa Ana Taylor-Joy (Emma, 2020), são personagens carismáticas, porém bastante perdidas em meio a uma trama rocambolesca onde, a certa altura, já não se sabe mais qual é a real função da protagonista nessa história que atira pra todos os lados, fazendo uma autêntica miscelânea de gêneros cinematográficos e, sinceramente, sem acertar quase nenhum alvo específico.


O jovem diretor/roteirista britânico Edgar Wright (Regresso, 2018) mostra-se inábil para conduzir e mesclar, na medida certa, todos os elementos dos diversos gêneros (drama, musical, terror) com os quais pretende trabalhar aqui.

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No fim das contas, o que realmente se destaca em Noite Passada em Soho, são os belíssimos figurinos e cenografia de época, inseridos numa trama cuja base são os tempos atuais e a igualmente inspirada fotografia. Ou seja, temos aqui uma lindíssima embalagem que aparentemente visa "disfarçar" as deficiências do filme em termos de desenvolvimento de roteiro.


Destaque também para a ótima trilha sonora que vai desde o clássico absoluto Downtown (1965), da cantora britânica Petula Clark, até o pop gótico Happy House (1980) da banda, também britânica, Siouxsie and the Banshees.





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TERROR SEM MEDO


por Vicente Vianna


Longa-metragem de estréia do diretor, roteirista e produtor italiano Roberto De Feo eleito pelo Syndicate Film Journalists o Melhor Diretor Emergente. Escrito junto com os roteiristas vencedores do prêmio Solina-Histórias para Cinema, Lucio Besana e Margherita Ferri.

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Feo se diz inspirado por filmes como o drama sobrenatural Os Outros (Alejandro Amenábar, 2001) e o drama suspense A Vila (M. Night Shyamalan, 2004). O ritmo lento, ambientes escuros, sensação de tempo e lugar indefinidos também são características em O Ninho, porém a fixação da mãe em proteger o filho do mundo e negar a ele o conhecimento da realidade do que se passa fora dos limites da Villa Dei Laghi foi inspirado, ainda segundo o diretor, por O Show de Truman (Peter Weir, 1998). Observo influências dos filmes O Enigma de Kaspar Hauser (Werner Herzog, 1974) - na questão do adolescente vítima de isolamento social - e muitas influências de Stanley Kubrik (1928 - 1999), ora em O Iluminado (1980), com planos simétricos com a ação ocorrendo no centro da tela, ora com Laranja Mecânica (1971), nas cenas de violência com o personagem psicopata, usando a lente grande angular "olho de peixe" e a música erudita de fundo, bem semelhante ao gosto do personagem Alex.

De Feo conta com bons atores, com destaque para Francesca Cavallin, que está excelente na pele da mãe obstinada, os adolescentes Ginevra Francesconi e Justin Korovkin, também desempenham muito bem seus personagens, assim como o veterano Maurizio Lombardi (seriado The New Pope). Os outros atores não chegam a comprometer a condução da trama.


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Um ponto fraco do filme, que me aproximou estar numa representação, foi a falta de cuidado com um detalhe: o lenço totalmente seco - usado duas vezes na história para desmaiar sua vítima - ficou um pouco falso, já que não se mostrou sendo embebido em algum éter. Não que isso fosse necessário, mas a falta de estar molhado, sim. Em certas cenas, o diretor acerta em não mostrar a ação que se chegou a conclusão, valorizando a inteligência de quem assiste e economizando em planos na produção.


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A trama prende a atenção por tentarmos entender junto ao protagonista Samuel - que é paraplégico, obstáculo na trama e fator preponderante para nos solidarizarmos com ele -, a medida que vamos descobrindo a loucura da superproteção da mãe que não mede esforços para criar um mundo numa “pseudo-felicidade” acima até dos valores éticos. Torcemos para que ele se liberte daquele mundo insano onde tem a presença, nas entrelinhas, do sobrenatural. Acompanhamos a mudança do arco do personagem através da chegada da também adolescente Denise, que desperta o amor e mostra que fora dali também tem coisas boas, como ela, outras músicas, o rock - pois só ouvia e estudava música erudita -, todo um oposto da violência dita pela sua mãe, para aprisioná-lo pelo medo.


O diretor diz que quis contar uma história diferente dos tradicionais filmes de terror/suspense ao criar o mesmo clima, porém com o foco no relacionamento humano, com o intuito de surpreender o espectador, tirando-o de um lugar para o outro e assim fugir do óbvio. Só que o diretor acaba utilizando todos os clichês do gênero: tem o susto, a tensão, o ritual satânico e um final aberto clássico dos filmes de Zumbi. Embora coerente com a história, ele passa para você a incumbência de imaginar o que pode acontecer dali pra frente. Para o bem ou para o mal. O Ninho um drama/sobrenatural que não dá medo, e, mesmo para quem gosta deste sentimento, é um bom entretenimento.




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Também escreve esquetes de humor para internet (algumas no programa que também produziu chamado Dedo Indicador) e contos ainda não publicados. Atualmente está filmando dois curtas de sua autoria.  

 

Formado pela FACHA/RJ em Jornalismo e Publicidade & Propaganda. Fez aulas particulares com Jorge Duran (roteirista de Pixote e Lucio Flávio - Passageiro da Agonia). Fez a Oficina de Roteiro da Rio Filme e inúmeros cursos de roteiro com profissionais da área.

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